Os
anos 20 foram de grande agitação futebolística um pouco por todo o lado.
Castelo Branco não podia fugir ao frenesim. Aqui os pioneiros terão sido o Grémio
Desportivo União (1) e o Académico Albicastrense, que jogavam no Montalvão, que
desde logo foi o berço do futebol na cidade, e que mais tarde passou para Vale
Romeiro.
Mas de fonte certa soubemos que foram os
bombeiros, de fundação recente (1932), quem conseguiu construir um campo de
futebol, que foi o antecessor do mítico Vale do Romeiro dos nossos dias, e que
serviu desde logo ao grupo desportivo daquela coletividade.
É neste entretanto que surge na Cidade o Onze Vermelho Albicastrense, que
um grupo de rapazes entusiastas cria no ano de 1934 (24 Março).
Quando
em 1936 surge a AF, mais uma vez por mérito dos Bombeiros, que são quem
dinamiza a pretensão ao propor aos clubes existentes uma reunião, e entre os
que se apresentam surgem Os Onze Vermelhos, que serão os antecessores do Sport
Lisboa e Castelo Branco, designação assumida “a conselho” do Estado Novo.
Entretanto
os anos 40 são de grande agitação na fórmula competitiva, e 1946/47 marca o
último distrital que faz escolhas para os nacionais (1ª e 2ª divisões).
A
fragilidade de algumas equipas de Castelo Branco, origina uma alteração
substantiva. O CF Os Albicastrenses joga pela última vez em 1944/45. O Sporting
local só lhe sucedeu mais um ano. Em Setembro de 1946, (pág. 3 do dia 28)
comentava o jornal Beira Baixa a pretendida fusão do Sporting com Os
Albicastrenses. Tal não aconteceu, como hoje sabemos, mas ficou a pretensão de
criar uma equipa forte e representativa, e é assim que em Março de 1948 surge a
Associação Desportiva de Castelo Branco, que logo organiza festivais desportivos
com o atletismo como tema. Mas o acontecimento principal, englobar neste
projecto de Castelo Branco o Benfica local, concretiza-se. E uma
assembleia-geral agitada, define os estatutos, onde consta que as cores do
clube serão o vermelho nas camisolas, e o preto nos calções. O emblema será o
brasão da cidade (“A Reconquista” 2 de Maio de 1948).
E
é assim que este campeonato nacional de 1948 (II divisão), conta com a AD de
Castelo Branco. Haveria de se manter por apenas 4 anos, já que o fraco desempenho
leva a muitas críticas, e a frágil homogeneidade do novo clube quebra-se, e a
AD acaba.
Ressurgirá
novamente o Benfica de Castelo Branco, pela mão de alguns entusiastas (“Beira
Baixa” 22 Novembro de 1952).
Ressuscitado assim o futebol em Castelo Branco,
pela mão do seu mais representativo clube, o Benfica, ainda iriamos assistir a
um peculiar acontecimento, que tem a ver com os contornos de uma nova
colectividade na cidade. O Desportivo de Castelo Branco fica para a história.
Outro
caso peculiar em Castelo Branco
A
título de curiosidade, fique a saber que o outro clube mais representativo da
cidade de Castelo Branco, o Desportivo de Castelo Branco tem uma história, que
nos seus inícios, esteve intimamente ligada ao Benfica e Castelo Branco.
Foi
assim que nos disse um entusiasta destas coisas do futebol no distrito, Rui
Lopes, e que também fomos indagar.
“ Os factos estão narrados numa antiga página
de internet do Desportivo: “Na época de 1967/1968 e segundo os Estatutos da
Federação Portuguesa de Futebol, só podiam subir à Terceira Divisão Nacional os
clubes que conquistassem o respectivo Campeonato Distrital da Associação de
Futebol da qual faziam parte, desde que nesse mesmo Campeonato Distrital
estivessem pelo menos 4 equipas inscritas. Nesta altura o Sport Benfica e
Castelo Branco queria subir à III Divisão Nacional mas só estavam 3 clubes
inscritos para participar no Campeonato Distrital desse ano, o que desde logo
inviabilizava a subida do campeão. Foi assim que a uns meses do início da prova
Distrital que um grupo de sócios do Sport Benfica e Castelo Branco resolveram
criar um novo clube para assim formar a 4ª equipa necessária para que o Sport
Benfica e Castelo Branco pudesse ingressar na III Divisão Nacional. Foi assim
que a 10 de Outubro de 1967 nasceu o Desportivo de Castelo Branco, tendo este
novo clube conquistado logo nesse ano o Campeonato Distrital de Futebol da
Associação de Futebol de Castelo Branco e consequentemente a subida à III
Divisão Nacional”.
É uma história
deliciosa, sobretudo pela ironia que lhe está subjacente. O clube entra na
competição para viabilizar a subida de outro e depois é esse mesmo clube que
sobe. Mas posso adiantar-lhe que em tempos consultei alguns jornais de 1967/68
e que este campeonato foi tudo menos pacífico. O Benfica chegou a impugná-lo e
as relações entre as duas colectividades azedaram… “
O
campeonato decorreu entre 21 de Abril e 26 Maio, tendo o Benfica vencido a
prova. Contudo o protesto do Desportivo foi sufragado pela FPF, e deste modo o
Benfica foi derrotado nos jogos em que jogou com o guarda-redes Óscar. Este não
tinha a 4ª classe!
(1)
– ver foto de 1925 no Beira Desportiva (pág. 4 de 1 Abril 1950)
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