Garfe, de seu nome completo, freguesia de S. Cosme e S. Damião de Garfe, é uma das integrantes do concelho da Póvoa de Lanhoso, onde o futebol se tornou muito popular, após o 25 de Abril.
Em 1976, após uma militância de 50 anos nos distritais, o clube mais emblemático do concelho, o Sport Clube Maria da Fonte, fez-se campeão, e subiu aos nacionais. O seu mítico recinto, o campo dos Moinhos Novos, ia tornar-se palco de jogos mais aburguesados.
Talvez este elevado desempenho tenha motivado a juventude do concelho, pois os torneios populares se sucedem. Uns são de futebol de salão, como aquele que o jornal Maria da Fonte anuncia, e que era organizado pela Associação Desportiva e Cultural da Póvoa de Lanhoso. Tinha por palco o pavilhão gimnodesportivo, onde se faziam 3 jogos diários, de segunda a sexta feira.
É aqui que, pela primeira vez, se ouve falar do Águias Negras de Garfe, que mais tarde se filiaria na AF distrital.
Entretanto, uma outra equipa de Garfe, o Grupo Desportivo e Cultural, se filia no futebol federado, e apresta-se para disputar a 3ª divisão. Jogará no campo dos Moinhos Novos, pois a freguesia não tem qualquer recinto.
O seu primeiro jogo, para a Taça da Associação de Braga, faz-se em Silvares, Fafe, onde o resultado lhe é desfavorável (5 a 3), mas as crónicas dão conta de uma excelente prestação da equipa que então contava com
Zé Mota; Freitas, Naldo, Lino e Tónio Jacinto.
Carlos Nóbrega e Agostinho; Zé Carlos, Armando e Justino. Estes atletas eram então comandados por António Bernardino, treinador carola, que nada cobrava.
A outra equipa de Garfe, o Águias Negras, jogava os seus amistosos um pouco por todo o lado. Um deles, tem lugar em S. Pedro D’Este, em Braga. Assim o noticiava o jornal Maria da Fonte em Setembro de 1977.
O entusiasmo de então trás mais um torneio. É o segundo, organizado pelo Grupo Desportivo de Brunhais. Para além do clube organizador, concorrem também o Águias Negras, Travassós, Arosa, Goma e Leiradela, Simães e Frades.
Entre as realizações que o futebol origina, segue com afã a construção do campo de futebol do Grupo Desportivo, logo secundado pela Junta de Freguesia, que se propõe construir um para o Águias Negras, no Cilindro, e que hoje é um bairro social. Seriam inaugurados com espaço de dias e festas de arromba. Está tudo no jornal Maria da Fonte (Setembro de 1978), que nos diz que o campo do Desportivo ficava junto das escolas primárias. O campo, propriedade do Grupo Desportivo, foi chamado de campo “Povo de Garfe”, como homenagem à população, grande contribuidora.
Agora que os campos não eram problema, surgem torneios por todo o lado. O Águias Negras dá início ao seu I Torneio de Futebol Popular em Janeiro de 1979, logo secundado pelo Grupo Desportivo, que em Maio também faz o seu torneio. Mas não se ficam por aqui os torneios. O Sport Clube Maria da Fonte, dá também início ao seu I Torneio de Futebol em Maio de 1980. É aqui que o Águias Negras se decide pelo futebol oficial. Assim o anuncia o jornal local, quando o outro clube da freguesia, o Grupo Desportivo se acabara de sagrar campeão, e se preparava para jogar a segunda divisão distrital. Também iria jogar nos Moinhos Novos, pois o seu campo não tinha vedações exteriores, nem balneários.
Mas esta incursão pelo futebol federado não tem grande sucesso, e o clube nem chega a terminar a época. Num dos seus últimos jogos, em “casa”, só se apresenta com nove jogadores. Acabava ali o sonho de grandes voos.
Entretanto o futebol segue na freguesia, representado pelo seu pioneiro, o Grupo Desportivo, que contudo dará lugar à União Desportiva de Garfe, que é quem se apresenta aos campeonatos de 82/83. Foi uma forma aglutinadora da freguesia se encontrar consigo própria. Durariam estas andanças até 1997, quando o clube disputa a sua última prova.
Mas hoje, podemos vê-los garbosos e ufanos, no Campeonato Concelhio de Futebol Amador da Póvoa de Lanhoso.
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