Futebol Saudade

Desde que, há mais de 100 anos, se fez o primeiro campeonato de futebol em Portugal, que a "passerelle", que é a vida desportiva, viu desfilar milhares de clubes.
Uns ainda hoje existem, pujantes e vigorosos até, outros, embora perdendo protagonismo, ainda resistem. Mas muitos ficaram pelo caminho.
Passaram ao futsal, deixaram o desporto, ou fecharam mesmo as portas. É dos que partiram (e não só), que aqui vamos tentar deixar a memória.




terça-feira, 20 de março de 2012

o estádio Condessa de Avillez



Foi o acontecimento da década em Beja, que em 1931 ressurgia para o futebol.
O estádio, como era chamado, propriedade do Luso, dispunha de bancadas e camarotes.
A sua inauguração em 1 de Fevereiro, criou uma onda de entusiasmo sem par, que levou até a AF distrital a pedir aos Filmes Castelo Lopes que enviasse à cidade um cinematografista para testemunhar o evento. Infelizmente estes não responderam de nenhum modo, e perdeu-se aquilo que hoje seria um documento sem par. Nem de fotografias o acontecimento foi alvo.  Num jornal local, encontrei uma côa as equipas e convidados alinhados no centro do terreno, mas é de muito fraco enquadramento.
Mas voltemos ao campo. Havia 2 anos que não se jogava futebol oficial em Beja. A inexistência de campo adequado às exigências federativas, já que tinha sido criada a Associação de Futebol, levou a que se não realizassem competições, o que fez esmorecer o entusiasmo pelo futebol, que cedo surgiu na cidade, onde o Luso, União e Despertar, tiveram a antecede-los ou acompanhá-los, o Glória ou Morte e o Pax Júlia.
O Luso era o grande açambarcador de títulos na cidade, e era já o detentor do campo de jogos, mas não consegui descobrir onde se situava. Mas deu para ver que não tinha as mínimas condições, pois a exigência de vedação, para permitir receita, não existia. Foi isto que fez o clube melhor estruturado avançar.
Conseguiu a doação de um terreno, um ferragial da Condessa de Avillez, perto do local onde então se fazia a feira. Por isso era também conhecido pelo campo do Rocio das Tendas.
Foi penosa a construção, suspensa muitas vezes por falta de dinheiro, até que a AF se empenhou junto da FPF para que emprestasse o dinheiro ao Luso, para concluir o campo. E assim aconteceu, com aquela a fazer um empréstimo de 16 contos, ela que então somente tinha em caixa 24, como conta mais tarde um jornal local.
Feito o campo, e inaugurado, logo o futebol passou a ter um palco privilegiado, até 1ue em 1946 foi inopinadamente demolido, deixando os clubes sem campo novamente.
Estava em construção o campo municipal, mas entretanto as competições ficavam bloqueadas, e foi a persistência da AF junto do Ministério da Educação, que conseguiu a cedência provisória do campo do liceu.
Foram as agruras de um futebol pioneiro, que apesar de tudo ainda respira.

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