Como em muitas
outras terras, também por aqui o futebol cedo se constituiu atracção das
massas.
Desde sempre
desporto popular, no que isso tem de indiciador, sempre teve agregado o
espírito de improviso, que mais não era que a superação das dificuldades
financeiras, para passar à prática a sua prestação.
O equipamento
e a bola, sempre se superava com mais ou menos dificuldade, mas o recinto de
jogo era a grande dor de cabeça.
Por isso que
os terreiros, mais ou menos disponíveis, que sempre existiam em cada terra,
sempre se constituíssem nos adequados campos de jogo.
Foi também o
que sucedeu em Penafiel, com o terreno frente ao então quartel de infantaria 6,
onde se faziam as feiras da cidade, onde se improvisou, com a complacência da
Câmara, o “campo Conde de Torres Novas”, que contudo cobrava vinte escudos por
cada jogo. Era então aqui que a cidade e
os seus clubes dispunham de local para darem azo ao seu entusiasmo. Quem não se
alegrava, contudo, com este campo, era a associação distrital de futebol, que
não permitia a entrada nos seus campeonatos, aos clubes de Penafiel.
É assim que o
início dos anos 30 trás uma pressão frequente dos clubes da cidade junto da
Câmara Municipal, visando a construção de um campo de jogos.
À altura,
podiam detectar-se o Sport Clube de Penafiel, fundado em 1923, e com sede junto
à estação dos caminhos de ferro, o Onze Penafidelense Foot-Ball Club, o Egas
Moniz Sport Club, o Penafiel Académico Club, e o recente (1933) criado Sporting
Clube de Penafiel. Da sua actividade e existência, dão por essa altura conta os
muitos jornais que a cidade dispunha. Por eles ficamos a saber que um
particular, no caso o comandante dos bombeiros, tomou a iniciativa de comprar
um terreno na rua da Saudade, visando criar um campo polivalente, que
permitisse não só a prática do futebol, mas também outras manifestações,
tornando assim rentável o investimento. Mas o projecto fracassou, e será a
União Desportiva Penafidelense, resultado da fusão em 1932, do Egas Moniz com o
Onze Penafidelense, a chamar a si a concretização do campo da Saudade, o que
acontece em Outubro de 1933 quando, a 7, o Comércio de Penafiel anuncia que o
campo foi vistoriado e aprovado pelas instâncias desportivas distritais.
A 15 desse mês
um União Penafidelense-União de Paredes inaugura o recinto. Vencem os da casa
5-1.
Neste
entretanto, a câmara municipal que há muito trazia em banho-maria a construção
do campo municipal, acaba por decidir-se pela sua construção, e em Janeiro de
1934 fica concluído o “campo municipal de Leiras”.
Fica então atribuído pela câmara municipal, ao Sport Clube de Penafiel.
Este recinto
perdura até hoje, sendo alvo de muitas alterações e beneficiações, apresentando
hoje como “estádio municipal de Penafiel – 25 de Abril”.
Nesta diáspora
do futebol na cidade, e consequência de alterações profundas dos modelos
competitivos, tentam os dirigentes dos clubes existentes então na cidade, o
União Penafidelense e o Sport de Penafiel, uma fusão que os fortalecesse.
Mas as rivalidades
de muitos anos cedo levaram a que o Clube Desportivo de Penafiel, resultante daquela anunciada fusão, pouco mais
durasse do que um ano. Acabava o futebol em Penafiel. Ainda
tentaram alguns, que o Sporting assumisse o lugar vago, mas a sua pequena
implantação condenou ao fracasso a tentativa.
Foi assim que
o interregno de 2 anos permitiu que surgisse de raiz (1951) um novo clube, que se
mantêm até hoje de forma vigorosa e orgulhosa. É o Futebol Clube de Penafiel.
2 comentários:
Mais um bom texto. Falta apenas umas fotografias para tornar a leitura ainda mais fácil.
Em setembro de 1927, foi contra o Egas Moniz Sport Club que foi efectuado o primeiro jogo oficial do Futebol Clube do Marco. Por acaso não existem fotos desses primitivos tempos? Parabéns pelo blog.
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