Futebol Saudade

Desde que, há mais de 100 anos, se fez o primeiro campeonato de futebol em Portugal, que a "passerelle", que é a vida desportiva, viu desfilar milhares de clubes.
Uns ainda hoje existem, pujantes e vigorosos até, outros, embora perdendo protagonismo, ainda resistem. Mas muitos ficaram pelo caminho.
Passaram ao futsal, deixaram o desporto, ou fecharam mesmo as portas. É dos que partiram (e não só), que aqui vamos tentar deixar a memória.




sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Arcos de Valdevez e o futebol.



Onde se jogou? Quem o jogou?




Felizmente que o concelho é dado à cultura, e isso vê-se na quantidade de jornais que os anos vinte nos mostram. Graças a eles, a pesquisa do retrato do futebol nestas bandas, é profícuo.

A primeira notícia (A Concórdia, 16 Outubro 1921) que se me depara, é relativa ao Rio Vez Foot-Ball Club, equipa da vila, e que recebeu o Grupo de Foot-Ball Atlético “Nun’Álvares" da Ponte da Barca. O resultado foi um empate a um.

Quanto ao recinto de jogo, teria de ser como usual. Um espaço amplo na terra, usualmente usado para outros fins, mas muito conveniente para o jogo. Chamavam-lhe campo Almirante Reis, e do espaço pode ser vista uma fotografia no jornal A Voz do Minho de 29 Agosto 1930. Hoje chamam-lhe campo do Transladário.

Em 1922 forma-se um clube na terra, que virá a ser dos mais importantes.

É a 8 de Setembro que se funda o Sporting Clube Arcoense. As suas actividades desportivas também tem o Almirante Reis por cenário, o que faz com que um proprietário local, Aurélio de Castro Leitão, ceda em 1926, um espaço na sua quinta de Giela, para que os rapazes do Sporting ali fizessem o seu campo.

A história não conta as razões da saída do clube de tal campo, mas em 1929 inaugura-se outro campo, de iniciativa particular. Fica no Ribeirinho, e torna-se conhecido por campo do Toural. Nasce da iniciativa do senhor António de Gaspar Pires.

A sua inauguração é oficializada com circunstância. O jogo forte será jogado pelo Sport Comércio e Salgueiros com o Sport Clube Vianense. Venceram aqueles por 2 a 0.
Teve a inauguração um jogo prévio entre o Sporting Clube Arcoense e o Lusitano Foot-Ball Club, de Ponte de Lima. Estes ganharam por 3 a 0.

As três equipas forasteiras foram esperadas à entrada da vila, pelas colectividades mais relevantes, e em cortejo abrilhantado pela Banda de Música, dirigem-se à Câmara Municipal, onde serão recebidas. Tal circunstância diz da importância para a terra tal equipamento.
     
Mas o campo logo em Fevereiro de 1930 estava em obras.
Fora afectado pelas cheias do rio, o que nos indicia a sua localização.
Mais tarde, o novo clube dos Arcos, o Sport Arcoense, haveria de inaugurar um pontão sobre o ribeiro, o que facilitava o acesso ao campo, por alargada volta, que motivava os protestos dos espectadores.

A sua localização, junto ao rio e na confluência de um ribeiro, era muito sensível às cheias. 
O futebol a partir de 1932 sofreu um decréscimo de actividade, porque deixou de haver campo de futebol. O proprietário deste campo, talvez desiludido com os parcos rendimentos obtidos, resolveu demolir tal construção, plantando nele eucaliptos.

Estamos já em 1936 quando na vila se organizam 3 clubes!
O Onze Maravilha Atlético Clube, o União Sport Clube, e o Clube de Foot-Ball Os Arcoenses. Claro que outro campo de jogo haveria de surgir, E tal acontece por iniciativa particular, mais uma vez, com o senhor Aventino Saraiva a dar corpo ao campo das Carvalheiras, em Novelhos.
Também o Sport, com o desaparecimento do campo, desapareceu logo depois de 1933. Haveria de ressurgir o Sporting, agora oficializado com a aprovação de Estatutos e regulamento.

A inauguração do campo das Carvalheiras em Outubro de 1938, trás outra vida à vila. O Arcoense filia-se na AF de Viana, e concorre ao campeonato. Logo no ano seguinte tem a companhia dos Arcoenses, e já são 2 os participantes, O Sporting ganha até direito a ir aos nacionais.
Mas 2 clubes na vila, e os compromissos com jogadores de fora, tornam inviável esta presença no futebol, e estes clubes da vila fecham portas. Levará anos até ver a bola saltar por estes lados.
O distrital de 40/41 já não tem equipas dos Arcos, e até 43/44, o último ano da associação distrital, antes de fechar portas por 30 anos, não houve mais futebol nos Arcos.
O campo de Novelhos ainda se manteve por alguns anos, e em 1943 ainda serviu a um jogo de solteiros e casados, que o jornal Noticias do Arcos relatou pormenorizadamente, mas foi tudo.

Só em 1945 é que surgiu uma comissão de entusiastas, que buscou e encontrou um terreno, organizou e legalizou um clube, e até hoje permitiu que nos Arcos de Valdevez sempre se jogasse futebol.

O campo era o da Coutada, que ainda hoje lá está, depois da sua inauguração com um Atlético-Monção em Outubro de 1945.
O clube foi registado, legalizado e filiado em Braga, começando a sua caminhada em Ponte de Lima, onde jogou com o Limarense para o campeonato da 2ª divisão em Braga. Estávamos em Março de 1946.
Começava a caminhada idealizada por um grupo de entusiastas que é justo aqui citar:

João Vilaverde Lopes, Artur José da Silva, José Fernandes de Araújo, Sérgio Ribeiro, Luís Magno de Araújo.

Da generosa intenção concretizada há tantos anos, a melhor homenagem a prestar a estes idealistas, é manter acesa a chama do Atlético.




nas pesquisas feitas, sempre se encontram factos relevantes, interessantes, e cujo registo se impõe. 
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