Onde se jogou? Quem o
jogou?
Felizmente que o concelho
é dado à cultura, e isso vê-se na quantidade de jornais que os anos vinte nos mostram. Graças a eles, a pesquisa do retrato do futebol nestas bandas, é
profícuo.
A primeira notícia (A Concórdia, 16 Outubro 1921) que se me
depara, é relativa ao Rio Vez Foot-Ball Club, equipa da vila, e que recebeu o
Grupo de Foot-Ball Atlético “Nun’Álvares" da Ponte da Barca. O resultado foi um empate a um.
Quanto ao recinto de
jogo, teria de ser como usual. Um espaço amplo na terra, usualmente usado para
outros fins, mas muito conveniente para o jogo. Chamavam-lhe campo Almirante
Reis, e do espaço pode ser vista uma fotografia no jornal A Voz do Minho de 29
Agosto 1930. Hoje chamam-lhe campo do Transladário.
Em 1922 forma-se um clube
na terra, que virá a ser dos mais importantes.
É a 8 de Setembro que se
funda o Sporting Clube Arcoense. As suas actividades desportivas também tem o
Almirante Reis por cenário, o que faz com que um proprietário local, Aurélio de
Castro Leitão, ceda em 1926, um espaço na sua quinta de Giela, para que os
rapazes do Sporting ali fizessem o seu campo.
A história não conta as
razões da saída do clube de tal campo, mas em 1929 inaugura-se outro campo, de
iniciativa particular. Fica no Ribeirinho, e torna-se conhecido por campo do
Toural. Nasce da iniciativa do senhor António de Gaspar Pires.
A sua inauguração é
oficializada com circunstância. O jogo forte será jogado pelo Sport Comércio e
Salgueiros com o Sport Clube Vianense. Venceram aqueles por 2 a 0.
Teve a inauguração um
jogo prévio entre o Sporting Clube Arcoense e o Lusitano Foot-Ball Club, de
Ponte de Lima. Estes ganharam por 3
a 0.
As três equipas
forasteiras foram esperadas à entrada da vila, pelas colectividades mais
relevantes, e em cortejo abrilhantado pela Banda de Música, dirigem-se à Câmara
Municipal, onde serão recebidas. Tal circunstância diz da importância para a
terra tal equipamento.
Mas o campo logo em
Fevereiro de 1930 estava em obras.
Fora afectado pelas
cheias do rio, o que nos indicia a sua localização.
Mais tarde, o novo clube
dos Arcos, o Sport Arcoense, haveria de inaugurar um pontão sobre o ribeiro, o
que facilitava o acesso ao campo, por alargada volta, que motivava os protestos
dos espectadores.
A sua localização, junto
ao rio e na confluência de um ribeiro, era muito sensível às cheias.
O futebol a partir de
1932 sofreu um decréscimo de actividade, porque deixou de haver campo de
futebol. O proprietário deste campo, talvez desiludido com os parcos
rendimentos obtidos, resolveu demolir tal construção, plantando nele
eucaliptos.
Estamos já em 1936 quando
na vila se organizam 3 clubes!
O Onze Maravilha Atlético
Clube, o União Sport Clube, e o Clube de Foot-Ball Os Arcoenses. Claro que
outro campo de jogo haveria de surgir, E tal acontece por iniciativa
particular, mais uma vez, com o senhor Aventino Saraiva a dar corpo ao campo
das Carvalheiras, em Novelhos.
Também o Sport, com o
desaparecimento do campo, desapareceu logo depois de 1933. Haveria de ressurgir
o Sporting, agora oficializado com a aprovação de Estatutos e regulamento.
A inauguração do campo
das Carvalheiras em Outubro de 1938, trás outra vida à vila. O Arcoense
filia-se na AF de Viana, e concorre ao campeonato. Logo no ano seguinte tem a
companhia dos Arcoenses, e já são 2 os participantes, O Sporting ganha até
direito a ir aos nacionais.
Mas 2 clubes na vila, e
os compromissos com jogadores de fora, tornam inviável esta presença no
futebol, e estes clubes da vila fecham portas. Levará anos até ver a bola
saltar por estes lados.
O distrital de 40/41 já
não tem equipas dos Arcos, e até 43/44, o último ano da associação distrital,
antes de fechar portas por 30 anos, não houve mais futebol nos Arcos.
O campo de Novelhos ainda
se manteve por alguns anos, e em 1943 ainda serviu a um jogo de solteiros e
casados, que o jornal Noticias do Arcos relatou pormenorizadamente, mas foi
tudo.
Só em 1945 é que surgiu
uma comissão de entusiastas, que buscou e encontrou um terreno, organizou e
legalizou um clube, e até hoje permitiu que nos Arcos de Valdevez sempre se
jogasse futebol.
O campo era o da Coutada,
que ainda hoje lá está, depois da sua inauguração com um Atlético-Monção em
Outubro de 1945.
O clube foi registado,
legalizado e filiado em Braga, começando a sua caminhada em Ponte de Lima, onde
jogou com o Limarense para o campeonato da 2ª divisão em Braga. Estávamos
em Março de 1946.
Começava a caminhada
idealizada por um grupo de entusiastas que é justo aqui citar:
João Vilaverde Lopes,
Artur José da Silva, José Fernandes de Araújo, Sérgio Ribeiro, Luís Magno de
Araújo.
Da generosa intenção
concretizada há tantos anos, a melhor homenagem a prestar a estes idealistas, é
manter acesa a chama do Atlético.
nas pesquisas feitas, sempre se encontram factos relevantes, interessantes, e cujo registo se impõe.
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