Falar do futebol por estes
sítios, é um largo percurso por variadas histórias.
Mas seria uma deselegância
para as suas gentes dar ênfase ao seu futebol, e ignorar o empreendedorismo e
as apetências para o associativismo, que marca, de forma evidente, o carácter
dos seus.
Por agora, vamos só falar
desta tendência para criar colectividades recreativas, culturais e desportivas,
desde 1932.
Conhecendo estas íngremes
terras, fácil é imaginar o encarniçamento que foi preciso para levantar uma
associação que congregasse as suas gentes. Afinal há apenas 50 anos atrás, os
carros por aqui eram dois!
Pois de associações,
sobrepondo-se até na sua existência, o Casal é viveiro e escola.
Quando a primeira
colectividade surge, e estamos no início dos anos trinta, o objectivo seria a
parte recreativa, onde os bailes teriam lugar de destaque.
Não chegaram até nós
informações precisas sobre esta Sociedade União Recreativa Familiar Casalense,
mas talvez o teatro lhes ocupasse substancial parte dos seus tempos livres.
Seja como for, esta
associação viu nascer, em 1952 o Grupo Recreativo Casalense “24 de Setembro”, e
com quem acabaria de partilhar os gostos pelos bailes, folclore, e pelo teatro.
Mas entretanto o bichinho
do futebol atacou a comunidade, e surge então um clube que a ele se vai
dedicar. É o Grupo Desportivo e Cultural Casalense, que elege o Inatel para
competir. Fá-lo como CPT Casalense (nº 298), de acordo as normas daquela
instituição.
Foi um desempenho
extraordinário, que os levou às competições nacionais, depois de terem sido
campeões distritais, várias vezes, e sempre sem campo!
Só em finais de 1987, é que
viram o seu campo, e aqui o seu campo tem toda a propriedade, pois foi o
empenho e contribuição dos seus adeptos, que possibilitaram a construção do
“campo 1º de Dezembro”, bem lá no cimo da serra, que agora os locais chamam de
mata da Soporcel.
Abra-se aqui um parêntesis,
para dizer que embora o futebol apenas em 1977 tenha surgido por aqui, sob a
forma de uma equipa a ele dedicado, já antes fazia parte dos hábitos dos
residentes no Casal.
Alguns dos seus, mais
curiosos, foram á procura de onde teria sido o campo, embora não o tenham
encontrado, ficaram com a convicção de que o actual pavilhão polivalente,
assentará naquele improvisado recinto.
Mas voltemos ao percurso do
futebol no Casal da Misarela. Obviamente que tão frutuoso desempenho, e que
assentará, necessariamente, na qualidade e entrega dos jogadores, oriundos na
quase totalidade dos lugares da freguesia, e também um staff administrativo e
técnico empenhado e sabedor, haveria de suscitar os apetites por patamares mais
altos. E assim aconteceu.
Surgia a União Desportiva e
Cultural Casalense, e o futebol distrital em Coimbra passou a ter mais um
integrante.
Nesta altura, o Casalense
equipava de azul, eles que tinham começado de vermelho, e que foram verdes a
maior parte do tempo que passaram no Inatel.
Mas neste entretanto,
aquelas colectividades iniciais tinham desaparecido. O 24 de Setembro deixou o
seu salão de baile, que hoje é um afamado restaurante, muito conhecido e
visitado.
O futebol, depois da sua
visita aos campos do distrito, também entrou em pousio.
Mas o associativismo, esse continuou
pujante e indispensável por estes lados. Logo surge a Associação da Misarela,
dedicada ao folclore – terá integrado mais uma colectividade que surgiu
naqueles tempos do futebol, as Rosas do Mondego – mas também ao judo, onde
conta com relevante palmarés.
Esta associação que
citamos, detentora de um excelente pavilhão, tem uma alargada designação:
“Associação Desportiva e
Recreativa dos Lugares de Casal da Misarela, Misarela, Vale de Canas, Barca e
Ribeira”!
Está visto que por aqui, o
associativismo tem lugar cativo, e faz bem o retrato desta gente empenhada,
dinâmica e capaz.
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