É
divertida e empenhada, fundamentalmente resistente, a história dos entusiastas
destas lides por estas bandas. Nem um jornal desportivo, a “Beira Sportiva”
faltou. Foram 41 os nºs publicados, desde Janeiro de 1926, até Outubro de 1927.
Ainda
hoje os seguidores daqueles pioneiros, honram bem a sua memória, catapultando o
seu futebol e clube para patamares da maior visibilidade.
Tudo
começa em 1923, quando a Folha de Tondela (3 de Junho), jornal do século XIX
que ainda hoje se publica, nos anuncia que vai surgir o ansiado campo de
futebol, que Tondela aspira.
Convém
salientar que no concelho já há mais entusiastas destas coisas do futebol, com
Nandufe a levar a palma, graças a um seu filho, que ajudou à implantação do
jogo por ali.
Mas
na vila de Tondela foi a compreensão e ajuda do presidente da Câmara de então,
João Cardoso (nome do actual estádio) que permitiu a concessão de um espaço no
terreiro da feira semanal, por 100 escudos anuais, que os entusiastas dessem
vazão à sua “perícia”.
Tal
facto implicou o corte de 4 oliveiras, que a militância ecológica já então
reinante nestes sítios, aprazou o plantio de 5 árvores, na época própria.
Entretanto
surgiam as notícias dos jogos do clube local, que a Folha (18 MAI 1924) anuncia
como Sport Clube Tondelense. Eram assim os tempos. O nome surgia da inspiração
ocasional dos “players”, ou da imaginação criativa de um qualquer repórter. Mas
em 1 de Março do ano seguinte, já a designação de Tondela FC era a citação que
então veio para ficar.
Não
se detectou qualquer cisão neste novo clube, mas o certo é que a Folha de
Tondela de 15 Maio de 1932, cita a existência de outro clube na vila. Era o
Operário Atlético Clube. Diz o jornal que a sua pouca exposição se deve à falta
de campo, mas agora, mercê do aluguer de um terreno adequado, o clube passaria
a ter mais actividade. Era o campo do Pereiro que se instalava.
É
ainda este jornal que não nos deixa dúvidas das origens deste Operário, já que
em 1 de Dezembro de 1932 o jornal diz “que há dias” o clube celebrou o seu
primeiro aniversário.
Mas
2 clubes numa vila tão pequena não era futuro, e então pensou-se numa fusão!
Mas quem concordava com tal ideia?! Ninguém. Mas os ideólogos de tal solução
tiveram uma ideia original: os clubes extinguiam-se, e a partir daqui criava-se
um novo clube! (1) Foi o que aconteceu.
A
10 de Junho de 1933, conforme nos diz o jornal que vimos citando, que em 6 de
Junho fez-se uma AG para elaboração e apreciação de Estatutos. Entretanto o
campo do Pereiro sofre melhorias (FT 10 SET 1933), e servirá ao novo clube, O
Clube Desportivo de Tondela, por largos anos.
No
ecletismo deste novo clube cabem outras actividades, culturais, que dão a
pujança e implantação ao clube. Trata-se da criação de um “Grupo Cénico” e de
um “Orfeão”.
E
logo o clube se propõe encetar uma caminhada que até hoje ainda não parou.
Filia-se na AF de Viseu, e em 1934/35 participa e vence, o Campeonato da
Promoção.
Só
não disputa o título distrital, porque o adversário (Lusitano de Vildemoínhos -
campeão da Honra), estava em litígio com a Federação que o multara por
desacatos no Campeonato da Liga, e a associação distrital não marca o jogo de
atribuição do título.
Completa-se
esta abordagem com um artigo de Ricardo Ornelas, jornalista e homem do futebol,
que fez uma resenha sobre Tondela, aquando de umas férias que ali passou.
Também
um pormenorizado trabalho de Caetano de Matos Rodrigues Tapada, que durante 9
meses publicou em fascículos, o trajecto do futebol em Tondela.
Ficam
aqui os PDF’s destes extraordinários documentos.
(1)
– ver A Voz Desportiva 16 Setembro 1933, pág. 2
Ricardo Ornelas, seleccionador e jornalista, fala em 1933, do futebol em Tondela
a História do Tondela em 25 anos, e 26 fascículos. (VER)
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