Foi ao deparar-me com uma foto do campo de Sá da Bandeira em
Santarém, que me ocorreu lembrar e homenagear, os bravos que começaram a
caminhada.
Tudo começou com o 96.
Foi ele, o brilhante aluno do Colégio Militar, quem aportou
a bola com que tudo começou, e em que o aburguesado largo de hoje, que é o
campo de Sá da Bandeira tomou parte activa e importante.
Retenhamos que a associação de futebol, que haveria de
coordenar e sistematizar a competição, só veria a luz da existência nos anos de
1924, tendo por fundadores, assinantes da acta, o Grupo Scalabitano “Os Leões”,
os “Caixeiros”, como eram conhecidos “Os Empregados do Comércio”. Assinou ainda
a acta um modesto agrupamento de então, o Santarém Foot-Ball Clube “Os 13”,
embora nunca tenha participado nos campeonatos associativos, de primeiras.
Mas o futebol nestas bandas já tinha raízes profundas na
cidade, com o estádio de Sá da Bandeira a servir às mil maravilhas, permitindo
até jogos múltiplos! Pena a embirração da vizinhança.
Mas
no Correio da Estremadura de 16 de Outubro de 1909, no relato da sessão –
extraordinária - da câmara de 14 de Outubro de 1909, relata-se:
“Foot-Ball
Lido um ofício
assinado por alguns empregados do comércio, solicitando autorização para vedar
um terreno, às 5ªs feiras, de tarde, destinado a este jogo, que será levantado
após a realização de tal divertimento.
Foi deliberado que
o pedido se faça em requerimento, indicando-se também o local que se pretende
para tal fim.”
Entretanto a “natural” selecção das pessoas, faz surgir
diferentes núcleos. Estudantes a um lado, originando em 1911 o aparecimento de
Os Leões, a classe obreira acantonada na União Operária surgida em 1919, e,
obviamente, os empregados no comércio, a juntarem-se nos “Caixeiros”, a partir
de 1917.
No meio apareceram
algumas dissidências dos Leões, que fizeram surgir o Benfica de Santarém, mas a
sua fragilidade não os faz vingar. Só voltariam nos anos 30, mas muito débeis.
Mas no restante distrito, também surgiam aqui e ali diversas
vocações, e outros tantos clubes. O drama eram as deslocações. Pelo dispêndio,
pelas estradas e pela escassez de oferta pública de transporte. Por isso que a
norma fossem os campeonatos locais. Achado o campeão, haveria de dirimir com os
de outras localidades o campeão do distrito. Tomar foi um baluarte, e chegou a
ter associação própria, mais tarde integrada na AF de Santarém, oficializando
assim os seus campeonatos, e permitindo que estes ascendessem ao campeonato do
distrito.
Criada a associação distrital, existindo clubes, havendo
muita vontade de jogar à bola, só faltava o campo. Fê-lo o Scalabitano na Chã
de S. Lázaro, que hoje serve de pouso à Escola Básica dos Leões. Fica aqui no nome,
a homenagem a quem tanto deu de si ao lugar, que por sua vez, e quando no
activo, foi chamado de “campo Alfredo Aguiar” numa homenagem ao fundador,
atleta e dirigente deste clube percursor do futebol nestas bandas. Fevereiro de
1925 marca a sua inauguração.
Os tempos vão evoluindo, as solicitações vão-se tornando
mais prementes, e a pegada associativa vai-se alterando.
Em 1969 Os Leões decidiram que eram melhor juntar as equipas
de então da cidade. A União Operária respondeu ao chamamento, mas a coisa não
resultou.
Ficaram as memórias, que agora são avivadas pelo artigo de
Os Sports anexo (AQUI).
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