Futebol Saudade

Desde que, há mais de 100 anos, se fez o primeiro campeonato de futebol em Portugal, que a "passerelle", que é a vida desportiva, viu desfilar milhares de clubes.
Uns ainda hoje existem, pujantes e vigorosos até, outros, embora perdendo protagonismo, ainda resistem. Mas muitos ficaram pelo caminho.
Passaram ao futsal, deixaram o desporto, ou fecharam mesmo as portas. É dos que partiram (e não só), que aqui vamos tentar deixar a memória.




quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Beja e o futebol

Corria o ano de 1929, e o Luso trazia em construção o seu campo de jogos, que haveria de ser o primeiro de Beja, adequado às exigências da Federação Nacional.
A Associação de Futebol, instalada em sede provisória (na sede do Luso), e que havia sido criada em 1925, a 30 de Março, homenageava o delegado do ministério público, que simultaneamente era delegado de algumas outras associações, no Congresso da Federação.

Em Julho de 1930 noticia-se o empréstimo de 16 contos da Federação ao Luso, para conclusão das obras no seu campo de jogos. Desta forma poderia o futebol retornar a Beja, onde havia 2 anos que se não jogava.
(Ala Esquerda, de 18 de Setembro de 1930)

Nesta altura, apenas estavam organizados (administrativamente) o Luso e o Despertar. Fala-se no reaparecimento do União, e ainda a perspectiva de fundação de 2 novos clubes. O Atlético, que já efectua treinos de preparação, e um outro, ligado ao grupo musical Os Bandolinistas.

Em Dezembro prepara-se o ressurgir do futebol, com a inauguração do campo de jogos, que se chamará Avillez, e se deseja inaugurar com um Benfica-Sporting. Por outro lado, um grupo de entusiastas do desporto, propõe-se criar um jornal desportivo, cujo primeiro número haverá de coincidir com a inauguração do campo. Reina tanto entusiasmo que a AF solicita à firma Castelo Lopes Lda., que explora o cinema Pax Júlia, que envie um cinematografista à cidade, para colher diferentes aspectos de Beja, nesse dia que se prevê de grande festa. Mas a realidade é mais modesta, e a inauguração é adiada.

A Associação que tem vivido em instalações emprestadas, dispõe finalmente de uma sede sua. Fica no nº 29/30 da rua Teófilo Braga, que já se chamou da Cadeia Velha.
Exorta, então, a Associação a que os clubes do distrito se filiem, visando a participação nos campeonatos que se criarão, mal haja campo de jogo.
Promete que a inscrição não obriga à imediata participação nos campeonatos, nem tão pouco os clubes serão obrigados a concorrer nas categorias inferiores.

Finalmente, a 1 de Fevereiro de 1931, é inaugurado o campo. Fica situado no Rocio das Tendas, na estrada do Poço Largo, numa extensa faixa de terreno, doado pela Condessa de Avillez, e daí o nome dado ao estádio. Diz o jornal que este está dotado de magníficas bancadas, encimadas por vinte e um espaçosos camarotes.
O desafio inaugural é entre 2 clubes da cidade. O Luso ganha ao Despertar por 2 a 1. Mas o jogo solene junta 2 ilustres visitantes. O Lusitano (VRSA) joga com o Barreirense, e este vence por 3-0.
O jornal vê finalmente a luz do dia, com um nº especial de 8 páginas, dedicado à inauguração do Estádio Condessa de Avillez.

Estão criadas as condições para o futebol a sério em Beja. A 9 de Fevereiro, pelas 16 horas da tarde dessa 2ª feira, jogam, para o torneio de apuramento para o Campeonato de Portugal, o Luso e o Despertar, que este ganha por 3-2. Dias depois, o União joga com o Despertar, e, vencendo por 4-3 após prolongamento, ganha a primazia na representação do distrito naquele campeonato.

Finalmente a 30 de Março começa o campeonato, no qual se inscrevem 5 equipas.
Três de Beja (Despertar, União e Luso), uma de S. Domingos (o FC), e outra de Aljustrel: o Grupo Sportivo das Minas de Aljustrel, que abandonaria a competição antes do início desta, o que obrigou a novo sorteio do campeonato.
(excertos colhidos do jornal "Ala Esquerda", publicado em Beja de 1925 a 1949)

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