Desde muito cedo que o futebol fez as delícias da juventude nestas paragens. Dois clubes da cidade, ecléticos, mas de relações cortadas, concitam a atenção, mas não respondem aos anseios dos rapazes do Bairro Novo. Não dão muita importância ao futebol, e ficam longe das suas casas, e obrigam à travessia do Jardim, que eles consideram perigosa, e que em 1921 sugere a Vitorino Nemésio como “estando ainda em brenha, e com todos os estigmas de uma terra de embarcadiços: largueza, palmeiras, girassóis e plantas torturadas, de pouco mimo”.
Surge assim a ideia de criação de um clube, dedicado ao futebol, já se vê, e então nasce o Sporting Clube Figueirense.
A AF de Coimbra, fundada em 1922, tinha na cidade uma delegação, que, organizando campeonatos locais, fomentava o futebol, e elegia candidato a campeão distrital. Mas já antes da AF se fazem campeonatos na Figueira da Foz. 1918/19 é disso exemplo, com uma prova a que concorrem:
- Sport Grupo Progresso
- Ginásio Clube Figueirense
- Sporting Clube Figueirense
- Sport Grupo Operário
Este último, criado com base nos operários duma serralharia da cidade, teve vida efémera. Em 1920/21, a maioria dos seus jogadores passaram para o recém-criado Grupo de Instrução e Recreio de Buarcos, e aqueles ficaram inactivos. Mas em 1923 decidem regressar ao clube, que, contudo, em 1931, se dissolve definitivamente.
Os campos de jogo, como aliás por todo o lado, sempre foram a grande dor de cabeça dos clubes, de gente simples e sem recursos.
O então chamado campo do Gualdino era um descampado irregular, que os entusiastas do Sporting, ajudados pelos do Operário, tornaram minimamente adequado para a prática do futebol. Ficava na rua Miguel Bombarda, e foi depois o terreno onde se construiu o Hotel da Praia.
A Murraceira, versátil local, adequado ao futebol, também servia de pista de aviação e ainda de pasto aos cavalos. Além disso, ficava longe, e do outro lado do rio. Por isso os clubes treinavam (e jogavam) em terrenos mais próximos, como aqueles que os rapazes do Progresso usavam. Ficava nas proximidades da cadeia, e era conhecido pelo campo do Brasseur.
Quem estava mal era a Naval. Sem campo, de más relações com o Ginásio, não participava no futebol. Com mágoa.
Entretanto o Operário, aquando da reaparição em 22, já foi jogar para o campo da Misericórdia. Como fica demonstrado, era diversificado o futebol por aqui.
Mas, em 1937, a AF de Coimbra decide dissolver a delegação. O Sporting e o Ginásio contestam a medida energicamente, e a AF expulsa-os. O Sporting voltará em 1943/44, mas em 1949/50 deixa definitivamente o futebol.
Este ficou mais pobre, mas são assim alguns que o dirigem. Ganhar a qualquer preço.
Sem comentários:
Enviar um comentário