Futebol Saudade

Desde que, há mais de 100 anos, se fez o primeiro campeonato de futebol em Portugal, que a "passerelle", que é a vida desportiva, viu desfilar milhares de clubes.
Uns ainda hoje existem, pujantes e vigorosos até, outros, embora perdendo protagonismo, ainda resistem. Mas muitos ficaram pelo caminho.
Passaram ao futsal, deixaram o desporto, ou fecharam mesmo as portas. É dos que partiram (e não só), que aqui vamos tentar deixar a memória.




quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Pejão Atlético Clube



Tudo começou devido ao carvão. É o que se deduz, sem quaisquer dúvidas, da leitura de um jornal editado no âmbito da companhia carbonífera, que incita os funcionários a fazerem-se sócios do PAC, salientando que esta é a agremiação desportiva do pessoal da ECD (Empresa Carbonífera do Douro).

Foi em 1943 que ela surgiu, a 1º de Março, conforme rezam os seus Estatutos, embora então tivesse uma actividade reduzida, com jogos ocasionais com colectividades vizinhas.

Mas quando o administrador das minas, Jacques Tyssen, chega a presidente do clube, assiste-se a um acentuado revigoramento do clube. O jornal que citamos, e que foi uma sugestão vigorosa daquele engenheiro, motivou um acentuado entusiasmo dos funcionários da empresa.

Conta o jornal no seu nº 1, que os empregados e operários da ECD tinham tido há bastantes anos o seu clube, e o seu campo no Areio das Concas, que todos os anos o Douro levava, quando as suas águas subiam, mas que com a chegada do engº Tyssen à direcção do clube, também chegou um novo campo, inaugurado em Setembro de 1948. Passou a chamar-se campo da Póvoa. Viria a mudar de nome em 1951, quando a direcção de então do clube, decide homenagear o gestor do Couto Mineiro Jacques Thyssen, dando o seu nome ao campo de futebol.

O clube passa a ter uma actividade intensa, e participa em diversas provas de atletismo e ciclismo, e organiza torneios internos de futebol, como o que se realiza em 1949, e onde participam os seus sectores:

- mina do Choupelo
- mina de Germunde
- Serviços Exteriores
- Serviços Mecânicos e de Elevação
- Serviços Fluviais
- Técnicos e Empregados
- Cooperativa.

Mas o entusiasmo pelo futebol, leva-os a abrir-se ao exterior, participando em 1949/50 na 1ª série da AF Aveiro, tendo por adversários o Desportivo da Branca, o Feirense, e o Arrifanense.

Em 1950/51 participa novamente nesta competição (o jornal diz que é a 3ª divisão), competindo com os mesmos adversários.

1950/51, que havia de o ver campeão, coloca-lhe como adversários na Promoção o Feirense, Avança, Mealhada, Arrifanense, Pampilhosa e Fermentelos.

Inicia-se então a sua vida desportiva no futebol oficial, que duraria até 1969/70, com 2 passagens pela 3ª divisão nacional (1956/57 e 1959/60).

Entretanto o campo de futebol está condenado.
Mercê da exploração, que chega exactamente por baixo do campo, o futebol tem de deixar estes sítios. Já não se jogará o distrital de 56/57 aqui, tendo o clube ido disputar os seus jogos para Castelo de Paiva, no campo da Boavista. Fá-lo-à por mais duas épocas.

Sonha-se então fazer um estádio, que substitua o campo desactivado, e que virou depósito de madeiras para as minas. O jornal mineiro chega mesmo a publicar a maqueta desse estádio.

Mas eis que em Julho de 1958, após muitas canseiras, consegue o clube comprar um terreno no Couto Mineiro, para construir o seu novo recinto. O vendedor das terras é o senhor António Alves Martins, e logo as máquinas se põem a nivelar o terreno. A época 1959/60 já se jogará neste novo recinto, o campo de Pedorido, que ainda hoje lá está, esperando contudo a recuperação que preste homenagem a estes valentes obreiros….

4 comentários:

piçarra disse...

gostei disto max se tivesse o maradona era melhores

Mario Oliveira (Capela) disse...

A esta distância do tempo, receio que os moderadores desta página ainda existam.
Sou um dos sobreviventes do PAC que entre 1964 (juvenis) e 1969 ( seniores) militou na área do futebol.
Elementos como Jean Pierre Gebler, sobrinho de Jacques Tyssen, fez parte da equipa onde participei na época 66/67. (Tenho foto) Atletismo, Natação, Salto e Lançamento de Dardo, fizeram Campeões Nacionais entre muitos participantes da minha terra. Maurício Tavares, Carlos Cunha, José Abílio Araújo e outros, continuam memória desse tempo glorioso.
O Couto Mineiro do Pejão, jamais esquecerá o contributo daquele "negro pó do carvão" que em detrimento do petróleo, fez de nós exemplos de humildade e campeões desportivos de verdade.

Norberto Pereira de Almeida disse...

Muito bem, meu caro Mario de Oliveira; eu também, embora apenas como torcedor acompanhei esses tempos gloriosos do querido PAC.Bons tempos desse amadorismo onde se suava a camisa por amor ao clube .

Norberto Pereira de Almeida
Minas Gerais / Brasil

manuel soares disse...

lembro-me muito bem de ti,Capela,pois cheguei a jogar contra ti, lá no campo de Pedorido,quando se fazia as captações para as camadas jovens do nosso P.A.c,eu jogava pelo Oliveira do Arda,e, tu pelo Rio Mau,creio que, não estou errado? tu eras Bom com a Bola eu não tinha jeito, por isso fiquei logo por ali...SAUDADES desses Tempos e do nosso P.A.C....