Futebol Saudade

Desde que, há mais de 100 anos, se fez o primeiro campeonato de futebol em Portugal, que a "passerelle", que é a vida desportiva, viu desfilar milhares de clubes.
Uns ainda hoje existem, pujantes e vigorosos até, outros, embora perdendo protagonismo, ainda resistem. Mas muitos ficaram pelo caminho.
Passaram ao futsal, deixaram o desporto, ou fecharam mesmo as portas. É dos que partiram (e não só), que aqui vamos tentar deixar a memória.




terça-feira, 16 de novembro de 2010

Banheirenses - uma história de associativismos


Terras da Banheira do Tejo, era um local mais ou menos ermo, junto à linha do comboio, na estrada de Alhos Vedros ao Barreiro, quando o século vinte tinha apenas 30 anos.

Nesse tempo, pouco mais de mil almas habitavam o lugar. Mas os anos 40 e 50, trouxeram consigo muita gente à procura de trabalho nas indústrias que se criavam por ali, e rapidamente o lugar cresceu a velocidade impressionante. Nos anos 60 já eram mais de 15 mil os habitantes, do lugar que entretanto passou a chamar-se Baixa da Banheira, tendo-se tornado freguesia em 1967.

Mas toda esta dinâmica de crescimento, e sobretudo com gentes de diferentes origens, também trouxe as suas rivalidades. Até a linha do caminho-de-ferro era uma fronteira, que separava os de um lado e do outro, com as suas rivalidades. O futebol era o condimento ideal ao alimentar destas paixões. Por isso, muitas foram as colectividades criadas por aqui.

A primeira de que se tem notícia, nunca a ele se dedicou, mas é uma das mais tradicionais. É o Ginásio Banheirense, que chegou ao ciclismo, correndo a Volta a Portugal. Também o chinquilho deu origem a outra: o Clube União. São colectividades dos tempos calmos, anteriores ao grande “boom” dos anos sessenta.

É em 1959 que chega o primeiro clube do futebol: O Real. Ficou assim designado, porque foi vontade dos seus fundadores homenagearem assim um clube espanhol das suas predilecções, a Real Sociedade, mas que os ciosos poderes de então não aceitaram. Então, os seus criadores optaram por ser a Sociedade Desportiva Banheirense, com o cognome o Real, lá ficou entranhado.

Rápido surge outra colectividade: Grupo Desportivo Banheirense, que não querendo ficar atrás nestas coisas dos cognomes, logo se intitulou de Racing.

3 anos após, outro clube de futebol havia de surgir. Este já trazia a alcunha imbuída no nome. Era o Futebol Clube Os Leais.

Com mais ou menos dificuldades, mais ou menos êxitos, cada um trilhou o seu caminho. Mas os tempos foram demonstrando a dificuldade em sobreviver, num meio de recursos limitados, e que tinham, de ser partilhados. A falta de recinto de jogo começou por ser o grande empecilho, e começou a germinar a ideia de fundir as colectividades, como forma de dar à localidade um clube pujante, e que fosse o colector dos apoios autárquicos. Em 1984 o Racing faz uma pública proposta de fusão, que tem aceitação 2 anos depois, após uma época pouco favorável para os 3 clubes que haviam de dar origem à União Desportiva e Cultural Banheirense, em 18 de Agosto.

Os Leais ficaram em 10º lugar entre 16, e o Real baixou de divisão. O Racing sofreu um desgosto, pois lutando até ao fim pela subida, ficou arredado nos últimos jogos. Estavam então reunidas as condições para a criação de um novo clube.

Nascia a União. Desportiva e Cultural.

Saudemos o seu recente regresso ao futebol. Agora na Taça Fundação, do Inatel.

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