Do
blogue “Terras do Marnel e Vouga”
Publicada por JM Ferreira
Segunda-feira,
26 de Outubro de 2009
Valongo –
Raízes do futebol-IV
A história do
futebol na freguesia de Valongo do Vouga, segundo um escrito de João Lopes
Martins, publicado em Maio de 1989 no Jornal Paroquial «Valongo do Vouga»,
continua, pela mão do autor, a constituir um espólio histórico de bastante
interesse, que está mesmo a pedir que seja, naturalmente, melhorado.
Primeiro
campo definitivo em Arrancada do Vouga – Cabeço Gordo
(Imagem do
Cabeço Gordo, em actividade com atletas de palmo e meio - fins anos 50, séc.
XX)
Decorria o
ano de 1945, e, como de costume, o Grupo de Arrancada treinava na junção dos
dois caminhos no Cabeço Gordo (o da Veiga com o do Cabeço Gordo) e no final de
um dos treinos, a malta veio a corta-mato, direitos à Nova, a fim de matar a
sede numa nascente ali existente, deparou com um terreno à beira do caminho que
dava seguimento para a fonte da Deveza, onde estava azevém a secar em cima
dumas rameiras ali existentes e pedras, e era uma área razoável para se jogar à
bola; de imediato se mediu a passos, e logo se resolveu fazer dali um campo,
mas não sabíamos quem era o proprietário do mesmo, mas eis que surgiu uma voz
de um miúdo da Veiga que diz: «O mato é da Junta de Freguesia e a erva é do sr.
André.» Ficámos radiantes e nesse mesmo dia se foi falar com o Secretário da
Junta, que era na altura o sr. Prof. Abílio Quaresma. Este consultando diversos
livros, confirmou que na realidade os terrenos eram da Junta. Pedimos-lhe para
que não fosse vendido, pois íamos ali fazer um campo e colocaram-se as balizas
no sentido Norte-Sul, a partir do caminho que dava para as Devezas. Era o sonho
da malta ter um campo, mas tinha um defeito, era muito pequeno para as nossas
ambições, só ficaria bom se fossem colocadas as balizas no sentido Nascente -
Poente, mas o pior era a terraplanagem, pois era uma pedreira no centro do
terreno e não havia dinheiro para tal empreendimento; mas, não se desanimou, e
um punhado de rapazes resolve, a um domingo, fazer um peditório de porta em
porta com início no cruzeiro. Abriu essa lista o sr. Alberto Henriques
secundado pelo sr. Herculano Bastos, e, quando chegamos ao Stº António, já
tínhamos 27.0000$00 (uma fortuna naquele tempo pois um litro de vinho custava
1$00).
Assim deu-se
início às obras, tendo como tesoureiro e fiel depositário, secretário (do
DEVE-HAVER) o António Coutinho Vasconcelos. Mas a pedreira era de tão grandes
dimensões, que, apesar do dinamite ali empregue, não se conseguiu o fim em
vista com o primeiro peditório e voltamos a bater à porta dos habitantes, agora
a nível da freguesia. Receberam-se mais uns contos de reis e muitas ofertas de
dias de trabalho braçal e com juntas de bois e vacas, sendo a maior oferta a do
benemérito Sousa Baptista, que logo nos colocou à vontade: SE NÃO ACABÁSSEMOS O
CAMPO, ele mandaria o seu pessoal privativo fazê-lo, findas as vindimas; o que
veio a acontecer, ficando o terreno terraplanado no ano de 1946.
A seguir: Nasce o GDA e a sede improvisada e outras
novidades… admito eu...
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