Futebol Saudade

Desde que, há mais de 100 anos, se fez o primeiro campeonato de futebol em Portugal, que a "passerelle", que é a vida desportiva, viu desfilar milhares de clubes.
Uns ainda hoje existem, pujantes e vigorosos até, outros, embora perdendo protagonismo, ainda resistem. Mas muitos ficaram pelo caminho.
Passaram ao futsal, deixaram o desporto, ou fecharam mesmo as portas. É dos que partiram (e não só), que aqui vamos tentar deixar a memória.




quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A diáspora do Braga. O Sporting.



Já o século passado tinha dobrado os vinte anos, quando surgiu este novo clube, que se aprestava para luzir o nome da cidade.
Por isso o Comercial, que também era Sport Clube, tenha feito logo em Janeiro de 1921 uma assembleia-geral para alterar o nome. Passou a ser Braga Sport Clube. O Braga, na gíria.

O outro seria, depois disso, conhecido pelo Sporting. Alguns até sustentam que equipava como os de Lisboa, embora não tenha conseguido comprovar tal.

O que sei é que este “Sporting” tinha um estatuto na cidade que lhe dava privilégios.
O campo de jogo tinha sido no princípio do futebol na cidade, o campo da Vinha, mas as boas consciências, com muita beata à mistura, fizeram barulho, e a Câmara teve de proibir ali o jogo.

A escassez de meios nestes modestos clubes, que no fundo se resumiam a um grupo de rapazes que pagavam para jogar à bola, esbarrava na falta de campo. Por isso que se improvisasse na Quinta da Mitra, que mais não era de que um espaço confiscado à igreja, no rescaldo das lutas liberais.

E foi aqui, onde viria a haver um verdadeiro campo de futebol, o campo da Ponte, que o Braga deu os primeiros pontapés.
Mas a qualidade do sítio deixava muito a desejar, e os primeiros balneários só surgiriam mais de 10 anos depois.

Foi aqui que surgiu o prestígio do Braga, ao ver conceder-se-lhe o privilégio de jogar na esplanada do Colégio do Espírito Santo, ou cerca do Liceu, como também lhe chamavam.
Mas nem sempre os ventos estavam de feição, pois a indispensável autorização ministerial da Justiça, não chegava. Os humores do “senhor” ministro afectavam o futebol em Braga!
É óbvio que tal solução só podia ser transitória, e os do clube abalançaram-se a encontrar um terreno para criar um verdadeiro campo de jogos. E encontram-no na rua do Raio. Em Julho de 1922 já lá jogavam.
Mas estas questões de inquilinato foram sempre pouco pacíficas, e estremaram-se por 1928, quando os sócios mandatam a Direcção para a compra por expropriação do campo do Raio, ou em alternativa alugar um recinto em Braga.

O campo da Ponte já havia sido inaugurado em 1923, e desde então passou a ser o campo do Braga. Do Sport Clube. Chamavam-lhe campo Júlio Lima.
E foi assim que o Sporting voltou ao campo da Ponte, mas em passagem fugaz, já que dispor de um campo próprio sempre foi o seu norte.

Procurando novamente, lá criaram o campo dos Peões. Haviam de inaugurá-lo jogando com o Vianense, num dia de Maio de 1932.
Por muitos anos foi aqui que o Sporting de Braga recebeu as suas visitas de outras paragens.
Ficava o campo nos terrenos onde hoje se implanta a Universidade, pois aquando de um jogo grande, com o Benfica em 1933, o anúncio do jogo contemplava as portas de acesso, que eram 3, e no respeitante a duas delas, não ficam dúvidas de onde se localizava o campo.
Rezava assim o anuncio:

… porta do lado da estrada do Bom Jesus, para os portadores de um determinado tipo de bilhetes, enquanto outros deviam entrada pelo lado da estrada para Gualtar.
Mas haveria o Sporting de voltar ao campo da Ponte, que no início dos anos 50 ficou vizinho do estádio 28 de Maio, que o Estado Novo decidiu presentear a cidade, que afinal foi donde saiu o ícone deles, o marechal Gomes da Costa.

Em 2004, o engenho de um arquitecto conseguiu colocar Braga no roteiro da arte, ao conceber a Pedreira, estádio ímpar, que enquadrou um caso bicudo da cidade, amenizando-o, e homenageando o futebol, esse ímpar fenómeno de massas, que está bem retratado no seu percurso na cidade.



conclusões tiradas de uma viagem na companhia de O Lusitano, o Diário do Minho, o Correio do Minho, Os Sports, Comércio do Porto, Estrela do Minho, Vida e Sport, e Commercio do Minho.


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