O jornal A Verdade, de Tomar,
dizia assim em 15 de Junho de 1913:
Sport
Nos estabelecimentos dos cidadãos
Calado & Irmão, António Lopes Valério, e Manuel Canhão d’Oliveira, acha-se
aberta a inscrição de sócios para a fundação d’um grupo, do football, que
alguns rapazes tencionam organizar nesta cidade, uma das raras zonas da
província em que tão útil género de sport quase nem conhecido é.
Logo em Novembro de 1913 se
formava o Grupo Instrutivo dos Caixeiros de Tomar. Di-lo “A Verdade”, a 9 desse
mês. E diz ainda que nasceu com o objectivo de criar aulas de melhoria dos
conhecimentos profissionais.
Mas a amplitude do Grupo foi
expandida ao futebol, pois sem margem a dúvidas, o mesmo jornal diz em 28 de
Dezembro de 1913, que os Caixeiros se preparam, e o jornalista não se isenta de
lhes dar uma profunda lição de técnica e de táctica!
De imediato, ou seja em Fevereiro
(A Verdade do dia 15), já os Caixeiros iam de abalada até à Golegã, para jogar
com os congéneres dali.
Consultando antigos jornais da
cidade, podemos ver que já em 1920 havia muito movimento desportivo.
Detectam-se o Vitória Futebol Clube fundado em 1919, e que joga no campo da
Várzea Grande, o Operário Futebol Clube, o Sport Clube Estrela, o Sporting
Clube de Tomar, e o então União Futebol Clube dos Caixeiros.
Em Janeiro de 1921 (Ecos de Tomar
do dia 15), diz-se que a União Foot-Ball Club dos Caixeiros de Tomar, foi a
Torres Novas jogar com o clube local, num jogo que foi monótono, e que acabou
com 2 para cada lado. E diz também que os Caixeiros jogavam de vermelho. O
preto deve ter-lhes vindo da costela operária.
Liga Tomarense
É nossa convicção que esta
associação começou a germinar em 1921.
O jornal “Ecos de Tomar” aplaude a
iniciativa do Sporting (15 JUN 1921), “que tenta organizar a chamada
associação, ou seja, a direcção que representa todos os clubes”.
Germinava a Liga.
Em 1924/25 existia já uma Liga
Tomarense, que nessa época organiza provas de 1ª e 2ª categorias.
Participam em primeiras:
Sporting Clube de Tomar
Sport Lisboa e Tomar
Vitória Futebol Clube
Operário Futebol Clube
Nas segundas, jogam:
Sporting Clube de Tomar
Vitória Futebol Clube
Operário Futebol Clube
União Futebol Clube Comércio e
Indústria.
Nas primeiras seria campeão o
Sporting, que jogaria o título de campeão distrital com o vencedor de Santarém,
Os Leões, embora a Liga Tomarense só posteriormente se tenha tornado sócio
colectivo da AF de Santarém.
Na época 1928/29, já a Liga era
sócia colectiva da AF de Santarém, quando organiza uma prova entre os seus
filiados. É o campeonato de Tomar.
24 Fevereiro 1929 –
Sporting de Tomar – União de Tomar 2-0
03 Março 1929 –
Operário – Sporting Tomar 0-5
14 Abril 1929 –
União Tomar – Operário 0-0
21 Abril 1929 –
Sporting Tomar – União Tomar 4-0
28 Abril 1929 –
Operário – Sporting Tomar 0-10
J
|
V
|
E
|
D
|
M
|
S
|
P
|
|
Sporting
|
4
|
4
|
0
|
0
|
21
|
0
|
8
|
União
|
3
|
0
|
1
|
2
|
0
|
6
|
2
|
Operário
|
3
|
0
|
1
|
2
|
0
|
15
|
2
|
A Liga era presidida por Domingos
de Oliveira Vístulo.
Os Caixeiros de Tomar
Fazendo fé naquilo que o clube
toma como data de fundação, temos Maio de 1914 como a fundação da União de Foot
Ball dos Caixeiros de Tomar. Mas já vimos que caixeiros e futebol se
encontraram antes.
Entretanto a colectividade foi
crescendo e fazendo diversos jogos com outras colectividades então surgidas,
como foi o caso do Sporting em 1915. Vem depois o Operário FC, e em 1919 o
Vitória Futebol Clube. Em 1922 detecta-se um Sport Clube Estrela, mas que não
chega às primeiras competições da Liga Tomarense entretanto criada.
Em 1922 o jornal Ecos de Tomar (31
de Janeiro) comentava que na União dos Caixeiros se digladiavam duas correntes
por causa do nome do clube. Uma delas, a dos caixeiros, queria sustentar o nome
da colectividade à viva força, mas a outra, a dos operários, não querendo
representar aquilo a que não pertencia, queria que o clube fosse “Comércio e
Indústria”.
O jornal exortava o clube a
resistir, e aconselhava os operários a irem para o clube que tinha o seu nome.
Mas em 23 de Fevereiro desse ano de 1922, a AG decidiu por larga maioria dos votos,
que o clube passasse a designar-se por União de Futebol Comércio e Indústria de
Tomar.
Os campos de então
Campo da Várzea Grande – este era o sítio “ideal” para
se jogar futebol, e por isso foi aqui que tudo começou. É sítio carregado de memórias.
As do futebol vamos contá-las aqui.
O espaço ainda lá está, virgem de
urbanismos torpes, e ainda pertença do povo. O pelourinho ali colocado, chamado
de afonsino, está lá a atestar a doação feita ao povo por Filipe I de Castela,
contra a vontade da Ordem de Cristo, que pretendia o espaço para o seu espólio.
Também o Museu dos Fósforos,
instalado no antigo Convento de S. Francisco, que já foi quartel militar, faz
guarda ao espaço. A tudo isto podemos acrescentar que até a Justiça se instalou
ali, com a fachada do seu palácio voltada para a imponência da Várzea Grande.
Oficialmente, este espaço é agora
o Largo 5 de Outubro, e desde há muito que é terreiro do povo, que lhe deu
variados usos. Para além das centenárias feiras, também foi ali que se começou
a jogar futebol, ainda a República gatinhava!
Em Dezembro de 1924, a 11, dizia o Ecos de
Tomar que o União ia ter o seu campo na Várzea Grande. As obras de implantação
tinham parado, pois estava dependente das obras do caminho-de-ferro,
Lamarosa-Tomar.
Campo da Horta D’El Rei – o Sporting andava com a
pretensão de fazer um verdadeiro campo de futebol, e em 1922 adquiriu um
terreno na margem direita do Nabão, e a aquisição foi ao senhor Neves, da
estrada do Prado. Oficialmente consta ter sido inaugurado em 1923, com um jogo
a 23 de Fevereiro com o Sporting de Lisboa. Mas já em Junho de 1922 o Sporting
jogava ali com o Operário (ver Ecos de Tomar).
Em 1936 a Câmara municipal
adquiriu o campo, como se pode ler n’Os Sports de 27 de Janeiro de 1938 (pg 4),
que escrevem:
“como é do domínio público nesta
cidade, a Câmara Municipal adquiriu pela importância de 80 mil escudos, o excelente campo de jogos da Sociedade
Desportiva Tomarense, vulgarmente conhecido por campo do Sporting, onde
tenciona edificar o novo estádio.
Devemos dizer que será esta uma
boa oportunidade para se instar junto das entidades oficiais, pela
comparticipação do Estado….
… A Sociedade Desportiva Tomarense
merece os maiores encómios, de toda a cidade, por ter cedido o seu campo de
jogos à Câmara Municipal, única entidade local que pode, duma forma ampla,
levar a efeito a edificação do novo estádio, melhoramento de grande importância
para esta cidade.
A ter viabilidade a construção do
Estádio Municipal, e disso estamos convencidos, visto que, segundo nos consta, a
Câmara está a interessar-se a valer pelo assunto, Tomar pode voltar aos
saudosos tempos dos grandes encontros de football, daqueles tempos em que os
seus melhores jogadores eram disputados pelos melhores clubes do país.”
Jornais consultados:
A Acção
A Verdade
Cidade de Tomar
Ecos de Tomar
Os Sports
Sem comentários:
Enviar um comentário