São os baldios de S. Victor que primeiro servem de palco a esse
novo jogo, tão entusiasmante e acessível, diga-se, que serviram de berço ao
popularíssimo futebol, em Braga.
É nestes campos que virá a surgir posteriormente, o primeiro
campo dedicado ao futebol – o campo das Goladas, na rua Nova de Santa Cruz.
Uma parceria entre os clubes de então, levou estes a alugar um
terreno, e fazer ali um campo de jogos. Mas não era muito apropriado, e os
custos levaram a que cedo acabasse por aqui o futebol.
Foi a antecâmara de o
futebol chegar à Quinta da Mitra.
Entretanto logo se organiza o primeiro clube a sério – Braga
Foot Ball Club de seu nome – que por pouco tempo viveu dada a falta de
oponentes e também as convulsões mundiais que originam a 1ª Guerra Mundial, que
tanta juventude mobilizou.
Mas a semente estava lançada, e após a acalmia belicista, logo
surge a rua da Boavista como palco de um novo clube – Liberdade Foot Ball Club.
A Associação dos Empregados do Comércio, também não fica atrás,
e logo cria um grupo de futebol, a que dá o nome de Braga Sport Club.
Segue-se-lhe o Estrela Foot Ball Club, que tem origem nos
empregados gráficos, forte contingente, à altura, de gente nova e vigorosa.
O campo que então servia a estes clubes, ficava frente ao
quartel de Infantaria 8, e mais tarde urbanizado, tornou-se o poiso da estátua
de Gomes da Costa. Era o campo da Vinha.
Mas a sua
intensa actividade dedicada ao futebol, foi vítima de abaixo-assinado dos
moradores, que queixando-se à Câmara, levou esta a proibir ali os jogos.
Estávamos em 1914.
Entretanto 1920 trás o aparecimento do Sporting Clube de Braga,
já com um certo estatuto de importância, dadas as forças que o criaram, e a
orgânica que lhe deram. Tem até tratamento diferenciado, pois os seus jogos
fazem-se na cerca do liceu Sá de Miranda, por cedência do Ministério da
Instrução, para este campo do Espírito Santo. Mas também aqui as “boas
consciências” se manifestaram, e cedo o futebol mudou de sítio.
Só depois surgirá o primeiro campo a sério para o futebol,
vedado, com balneários, e dimensões adequadas. Surgia o campo do Raio.
Em 1922, alguns decidem criar regras na disputa de jogos,
organizando campeonatos, promovendo a filiação de clubes, e disciplinando as
transferências.
A primeira acta da Comissão de Organização da Associação, é
assinada pelos representantes de
Sporting Clube de Braga
Vitória Sport Clube
Braga Sport Clube
Triunfo Futebol Clube
Estrela Futebol Clube
Boavista Futebol Clube
Nessa reunião passou-se uma
circunstância peculiar, que ficou exarada em acta, que anuncia ter sido
proposto um voto de louvor a um dos intervenientes, Vila Pereira, “por no dia do seu casamento, dispôs de
algumas horas para tratar de interesses desportivos desta Terra, o que mostra
bem o seu amor à CAUSA”
Finalmente o futebol tinha rumo. Havia uma associação, os
clubes estavam organizados e estruturados, e o palco para o futebol estava
montado no campo da Ponte, que anos depois teria a companhia do estádio 28 de
Maio, rebaptizado pela Revolução com 1º de Maio.
Finalmente surgiria esse icónico estádio da “Pedreira”, obra do
europeu de 2004.
Hoje em Braga, na cidade, são muitos e bons, os espaços
disponíveis para se jogar o futebol.
PS – neste período inicial,
fala-se muito de um campo, o dos Peões, que ficaria em Lamaçães. Tenho a
convicção que é o das Goladas, que a associação distrital situa na rua Nova de
Santa Cruz.
Fontes
AF Braga – Bodas de Ouro. 1922 a 1972
Commercio do Minho
Correio do Minho
Correio do Minho
Diário do Minho
Gazeta de Braga
Minho Comercial
Minho Sport
Norte Desportivo (de Braga)
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