Futebol Saudade

Desde que, há mais de 100 anos, se fez o primeiro campeonato de futebol em Portugal, que a "passerelle", que é a vida desportiva, viu desfilar milhares de clubes.
Uns ainda hoje existem, pujantes e vigorosos até, outros, embora perdendo protagonismo, ainda resistem. Mas muitos ficaram pelo caminho.
Passaram ao futsal, deixaram o desporto, ou fecharam mesmo as portas. É dos que partiram (e não só), que aqui vamos tentar deixar a memória.




terça-feira, 3 de abril de 2018

campos de Ramalde – o A e o B



Por vezes, consultando o futebol oficial do Porto, nos primeiros campeonatos, encontramos nos jornais da cidade referencia ao campo Ramalde-A e ao campo Ramalde-B.

Vejamos então que campos são estes, que tem o lugar e a rua do Pinheiro Manso, por referência aos factos.
Tudo começa quando o Académico, clube de Costa Cabral, é criado logo após a implantação da República. Também o futebol foi o seu destino. Começou a jogá-lo no lugar da Cruz, talvez num terreno improvisado, ali para os lados do Conde Ferreira.
Talvez pela precariedade das instalações, um seu apaniguado terá ofertado ao clube um terreno em Ramalde, onde o Académico se instalou.
Como em 1921, o clube toma de arrendamento um terreno da Misericórdia na rua da Alegria, frente ao campo do Luso (o estádio do Lima, inaugurado em 23), o seu campo de Ramalde ficou vago. Vai daí que alguns jovens se decidam a fazer ali animados jogos. Mas tal era mal visto pelo (talvez) zelador do espaço, que amiúde corria com os gaiatos. Foi isso que levou estes a criar um clube, e conseguiram-no. Nascia (1922) o Ramaldense. “Herdou” assim o campo que fora do Académico, o Ramalde-A (na altura único campo no Pinheiro Manso.

Entretanto surge na cidade uma entidade que dá pelo nome de União Cooperativa de Desporto, e que também se abalança (Novembro de 1930) à criação de um campo de futebol nos vastos e arborizados terrenos do Pinheiro Manso. Surgia o Ramalde-B.

Foi aqui que surgiu a necessidade de distinguir os campos, pois ambos não tinham nome, para além da sua identificação pelo sítio onde ficavam: Ramalde, ao Pinheiro Manso.

Mas em 1945 o Ramaldense faz obras no seu campo, e decide dar-lhe o nome de Alberto (Silva) Araújo, um jogador da sua primeira equipa.
Feita a distinção, também o campo B desaparece entretanto com a extinção da União. Também o Ramaldense, quase 100 anos depois, haveria de ficar sem o seu campo.



(Os Sports 23 MAR e 12 OUT 1928, pg 2
JN 7 MAR 1931, pg 5)


1 comentário:

Joaquim Novais disse...

O grande e duradouro Ramaldense FC, de que me orgulho ser o seu atual presidente.
Parabéns pelo trabalho.
Um verdadeiro espanto !

Cumprimentos
Joaquim Novais