Tudo na vida
tem uma explicação, e o nome deste recinto cheio de história, também tem muito
a ver com a normal transformação da cidade.
E com que
riqueza de pormenores nos deparamos.
Falemos então
dos pormenores, que tem a ver com toda a história deste campo.
A rua de Costa
Cabral foi aberta em 1845, na sequência duma modernização da estrada de
Guimarães, que nessa altura era servida pela rua do Lindo Vale. Era uma zona
erma, o que até levou a câmara a recusar-se a gastos nessa artéria, dizendo-a
além das barreiras.
Dando
continuidade às novas perspectivas, frente ao que é hoje a rua de Álvaro
Castelões, construiu-se uma fábrica de fiação e tecidos, que posteriormente se
converteu numa fábrica de tabaco. Chamou-se Lealdade, talvez adoptando o nome
da rua em frente, Álvaro Castelões, cujo nome inicial era esse.
Entretanto em
1911, alguns estudantes da burguesia local, criaram um clube, a que deram,
obviamente, o nome de Académico. Apesar do seu extracto social, o seu “campo”
de jogos ficava junto ao Conde Ferreira. Era um logradouro amplo, “multiusos”,
já que servia de feira de levante. O local até era conhecido por Cruz das
Regateiras.
Mas em 1913,
um prosélito do clube, dispensa um terreno em Ramalde, que o clube transforma
no seu campo. O terreno era aquele que serviu durante muitos anos ao
Ramaldense, que há poucos anos foi dali despejado pelos herdeiros do dono.
Em meados dos
anos 30 ganhou um relvado, iniciativa da Federação, para permitir jogos da
Selecção Nacional.
Voltemos agora
à fábrica do tabaco. A sua laboração, feita só por homens, teve início por
volta dos anos 80 do século XIX.
Os terrenos da
fábrica, o palacete anexo que é hoje a sede do Académico, e os terrenos onde se
implantou o campo de futebol, eram de um brasileiro torna-viagem, João António
Lima, que falece em 1891. A
sua viúva, que herda esta parte da fortuna, falece também, em 1917. Deixa estas
propriedades à Santa Casa de Misericórdia do Porto.
Está explicado
porque o campo é o do “Lima”. E também fica claro porque é que a Misericórdia fecha
o estádio em 1973.
A memória
deste périplo do futebol na cidade, fica rematado se dissermos que o João Lima,
há muitos anos que espreita a cidade, do alto do Hospital da Lapa, onde encima
a entrada, no hospital que a sua viúva mandou construir para o homenagear.
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