Futebol em Évora

 Parece ser um guião comum a todo o país, mas também aqui terá sido um dos seus, a estudar em Lisboa, quem serviu de mensageiro à introdução do futebol em Évora.

Certo é que foi na Casa Pia que ele se tornou prática recorrente logo a partir de 1909, com treinos consecutivos, e que originou mesmo a criação de uma equipa (Sport União), que viria a jogar nas primeiras competições, pré-AF. Desaparece em 1926.

O certo é que a aderência foi grande, e desde logo se criou uma tendência para o aparecimento de grupos de futebol, no seio das corporações profissionais. São os tipógrafos em 1911, como Grupo dos Azelhas, jogam futebol como “Évora Sport”.

Era o início da simbiose que nos levaria aos clássicos do futebol nestas paragens. 

Este Évora Sport evolui para Sport Clube dos Empregados no Comércio, sendo que logo depois se torna, talvez pela sua maior abrangência, para Ginásio Comércio & Indústria.

Entretanto, também os estudantes se constituíam em frentes desportivas, e quando Évora assiste a um dos seus primeiros jogos, aí por 1910, quando um colégio de Lisboa se defronta aos alunos do liceu, estávamos em presença do que viria a ser o Sport Vitória Académico, surgido daqueles alunos do liceu de Évora, que estiveram neste primeiro jogo.

Em 1914, estes pioneiros, Ginásio do Comércio e Vitória Académico, decidem juntar-se, e daqui sai o Ateneu Desportivo Eborense. Esta colectividade torna-se muito forte, e é a ela que se deve o primeiro campo de futebol de Évora. Ficava no ferragial (1) Estrela, e alguns anos depois, seria o palco do futebol oficial em Évora. Posteriormente acabaria na posse do Lusitano (conhecido como o clube dos Papo-Secos), já quando este, nascido como Lusitano Foot-Ball Club, era Lusitano Ginásio Clube, após a reformulação de estatutos, em 1925.

Inicialmente, não havia largo ou praça em Évora, que não se “associasse” ao futebol. A contragosto de alguns, era nestes espaços abertos, e mais ou menos adequados, como o largo da Porta de Machede, largo dos Colegiais, largo da Graça, ou o Rossio de S. Brás, que o futebol tinha as suas academias de então.

Estava lançado o futebol, e as equipas surgem todos os dias. Até o comércio se associa a este boom, e é assim que os armazéns Chiado ofertam uma taça para ser disputada pelos clubes da cidade.

Era o Bronze Chiado que se perfilava em 1918, organizado pela recente Federação Eborense.

Participam a União Sport Casa Pia, o Lusitano FC, o Juventude SC, e o GD Álvaro Gaspar.

A estes, seria uma vitória das segundas do Lusitano, por 7 a 1, que os aniquilariam. Desapareci este misterioso clube.

A Federação Eborense, também desaparece, após uma final Lusitano - Juventude, que esta protesta, e cuja AG consequente, visando a estabilidade que aquele diferendo abalara, não se obtém. Estávamos então em 1922. Futebol organizado, só em 1926, com a criação da AF dos nossos dias.

E é sobre esses  primeiros 10 anos desta imensa caminhada, que aqui deixamos lembrança.

(1)     – ferragial; campo de semeadura de pastagens.

Notas Soltas