campos do Barreiro.
O Barreiro
saiu da sua bonomia com a chegada dos comboios. Estes trouxeram fábricas.
Primeiro as da cortiça, e logo depois a CUF. Estávamos em 1907, quando Alfredo
da Silva aqui se instalou.
E é na
consequência desta industrialização que largas moles de gente aqui se
instalaram. E também por isso o futebol chega mais depressa ao Barreiro.
Tal acontece
pela mão de um casapiano, que logo em 1901 cria aqui o primeiro clube :
Sport Clube
Barreirense.
Posteriormente,
lá para o fim da década, surge entre os operários dos caminhos-de-ferro o Sport
Recreativo Operário Barreirense, que é o berço (11 Abril 1911), do Futebol
Clube Barreirense dos nossos dias.
Seria ainda
uma cisão neste, que o Barreiro teria um novo clube, que ainda hoje está
activo. Luso Futebol Clube de seu nome.
Entretanto, ao
longo da história do futebol no Barreiro, muitos foram os clubes participantes,
embora nem todos tenham sobrevivido à fase inicial, frenética e desorganizada, que
se viveu até à chegada do futebol oficial, que se instala em 1926, mercê da
criação do distrito de Setúbal, e também da associação de futebol do novo
distrito.
Mas os muitos clubes do Barreiro, impossibilitados até aí de se
inscreverem em Lisboa, passam agora a ter como entrave, os elevados custos de
competir na nova AF, com os jogos todos a terem de se realizar na cidade
setubalense. Enveredam então por criar uma liga concelhia: a Liga de Foot-Ball
do Barreiro, que é reconhecida e apoiada pela AF lisboeta!
Outro entrave condicionador da sua existência, é a falta de campos.
Os então existentes na vila, eram 2. O campo do Rocio, que anos mais
tarde chega a D. Manuel de Melo, que fecha portas e é demolido em 2007, quando
já era estádio, mudando-se o Barreirense para o seu campo de Verderena. Outro campo
de então era o campo da Quinta Pequena, desse histórico baluarte barreirense,
que é o Luso, e que ainda conserva esta jóia.
Em 1937
surgia no Lavradio um novo campo. Era o da CUF, designado por Santa Bárbara, em
alusão ao lugar onde se implanta. Hoje, à excepção da Quinta Pequena, só
existem nas memórias dos mais velhos.
Vamos então
falar dos campos do Barreiro, que ao longo dos tempos foram uma grande centro
de formação, donde saíram atletas de todas as matizes, e das mais variadas
apetências.
Barreiro
– campos de todos os tempos
|
|||||
CAMPO
|
CLUBE
|
DE
|
A
|
COORDENADAS
|
NOTAS
|
Rosário
|
Barreirense
|
1911
|
1912
|
38-39-44,52
N; 9-5-1,44 W
|
1
|
José
Alves
|
Barreirense
|
1912
|
1913
|
38-39-38,27
N; 9-4-38,65 W
|
2
|
Rossio
|
Barreirense
|
1914
|
2007
|
38-39-47,11
N; 9-4-33,26 W
|
3
|
Quinta
Pequena
|
Luso
|
1926
|
2017
|
38-39-25,31
N; 9-4-15,9 W
|
4
|
Quinta
do Morgado
|
Lavradiense
|
1935
|
1942
|
38-40-9,27
N; 9-2-46,7 W
|
5
|
Santa
Bárbara
|
CUF
|
1937
|
1965
|
38-40-0,7
N; 9-4-7,6 W
|
6
|
Alfredo
da Silva
|
CUF
|
1965
|
2017
|
38-39-30,85
N; 9-3-12,55 W
|
7
|
Palmeiras
|
Quinas
|
1968
|
1972
|
8
|
|
Verderena
|
Barreirense
|
1971
|
2017
|
38-39-5,9
N; 9-3-57,18 W
|
9
|
1 - campo do Rosário
Foi este o
primeiro sítio onde o Barreirense jogou futebol. De campo tinha pouco, já que o
terreno era arenoso até dizer chega. Ficava nas imediações da igreja de Nª Sª
do Rosário, de onde tirou o nome.
Provavelmente
os “players” já vinham fardados de casa, e o banho final seria no rio, ali tão
perto.
Não durou
muito o seu uso, a avaliar pelas notícias.
2 - campo José Alves
Dadas as
condicionantes do campo do Rosário, logo o clube procurou local mais adequado,
que encontrou na quinta de José Alves, que ficava nas proximidades da actual
Parque Catarina Eufémia, a poente, segundo os biógrafos da história da vila.
Mas também
aqui as condições não pareciam adequados, dada a exiguidade do espaço para os
espectadores. Toca de procurar novo campo
3 - campo do Rossio
Aqui
encontrou o Barreirense o paraíso. Ou quase, tantos foram os anos que aqui
ficou. Estávamos em 1914.
O terreno era
de semeadura, e estava alugado, mas o rendeiro denunciou o contrato, e logo os
do Barreirense o tomaram de arrendamento. O cemitério velho ficava na
retaguarda do recinto. Ao longo dos anos, o empenho dos seus permitiu ir
construindo o campo, que paulatinamente se fez estádio, e propriedade do clube,
que o foi comprando aos talhões, até à propriedade total.
Da empresa
vizinha, a CUF, teve muitas ajudas também, e por isso, em 1952 em AG aprovou a
mudança de nome. Passou a ser o campo D. Manuel de Melo, de profundas tradições
e história no futebol português. Mais tarde, e mercê das grandes transformações
que foi recebendo, passou a ser designado de estádio.
Em 2007 o
clube vendeu-o.
4 - campo da Quinta Pequena
Como já
dissemos, o Luso surge de uma ala desavinda do Barreirense, e se bem que também
se dedicasse a outras modalidades, tinha no futebol a sua maior apetência. Por
isso logo em 1926, a 9 de Maio, inaugura o seu campo.
(ver Eco do
Barreiro de 15 Maio 1926)
5 - campo da Quinta do Morgado
A quinta do
Morgado ficava no Lavradio, no Alto do Paiva. Quase na extrema da freguesia, e
bordejando a estrada do Lavradio, na vizinhança de tantas outras quintas, que
por aqui existiam. O campo do Morgado começa a ser citado em 1935, quando o
Sporting Lavradiense começa a participar no futebol, que deixa em 1942. Também
o campo desaparece dos jornais. Ficaria perto de onde hoje se localiza a igreja
de Santa Margarida do Lavradio.
6 - campo de Santa Bárbara
O futebol
nesta empresa surge nos anos 30. Inicialmente tem um cariz corporativo, com
torneios entre secções fabris da empresa (CUF – Companhia União Fabril), mas
logo envereda pelo futebol oficial. Em 1938/39 faz o seu baptismo na 2ª divisão
distrital.
A partir
daqui as suas prestações levam-na até aos nacionais, e coroando a sua brilhante
carreira em provas internacionais da UEFA.
Num breve
prazo dos finais dos anos 30, uma bizarra determinação governamental obriga-os
a mudar de nome, transformando-se em Unidos. Mas logo retoma o nome original,
que só deixa em 1979, quando a sua estrutura sofre profundas alterações, e
passa a designar-se de Quimigal. Posteriormente (2000) muda novamente de
designação, fazendo-se Fabril, nome que perdura até hoje (2017).
Este campo de
Santa Bárbara, criado pela empresa numa vasta faixa de terreno na quinta do
Gandum, entre o Alto de Santa Bárbara e o cemitério, surge em 1938, quando é
inaugurado no dia 1 de Maio.
Serve ao
clube até 1965, sendo entretanto demolido. Parte da sua bancada fica integrada
na reformulação do espaço público em que se integrou.
7 - estádio Alfredo da Silva
É na fase
mais prestigiosa da sua carreira, que o clube passa a dispor de um excelente
estádio, com excelentes condições, numa verdadeira cidade desportiva. A sua
inauguração fez-se em 30 de Junho de 1965, e vem até aos dias de hoje.
8 - campo das Palmeiras
O campo das
Palmeiras começa a ser citado nos anos 60, e é usado por vários clubes deste
lado da vila (Alto do Seixalinho) sendo, entre outros, o recinto que o Quinas
Clube de Desportos utiliza, na sua passagem pelo futebol federado, que se dá
entre 1968 e 1972.
A partir
daqui também deixa de ser citado. A sua localização é um mistério para nós.
9 - campo de Verderena
Nos anos 70,
por razões estéticas, de salubridade, e protecção da zona ribeirinha da vila,
são feitas intervenções na zona dos moinhos de Verderena, procedendo-se ao
aterro das caldeiras daqueles.
Nestes
terrenos assim conquistados ao rio, define-se, pelos seus proprietários, a
atribuição de largas faixas a colectividades do Barreiro. Bombeiros e
Misericórdia, assim como o Barreirense, são os contemplados.
O jornal
local “Jornal do Barreiro”, faz em 25 Novembro de 1971, larga reportagem da
cerimónia de autorgação destes terrenos.
Na altura,
ainda não estava concluído o aterro, o que só acontece 2 anos depois (ver
Jornal do Barreiro 20 DEZ 1973, pg 3)
Quando o clube vende o seu estádio,
procede à beneficiação destas instalações, que são agora o seu recinto
desportivo.
E assim se faz o historial do futebol
na hoje cidade do Barreiro.
Fontes
jornais:
Acção Desportiva (Barreiro)
Barreirense (O)
Eco do Barreiro
Jornal do Barreiro
Luso Sport (Almada)
Povo do Barreiro
Voz do Barreiro
monografias:
Barreiro Contemporâneo – volume I (de Armando
da Silva Pais)
Barreiro, Antigo e Moderno ( de Armando da
Silva Pais)
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