Introdução
Mais vírgula, menos
vírgula, a história do aparecimento do futebol não varia.
Desde logo porque
os narradores são muito poucos, mas já os repetidores são aos molhos.
Fica assim pobre a
narrativa, porque a maioria se limita a “copiar e colar”.
Não é esse o caso
presente, pois foram 10 os anos de procura, em tudo que é jornal. E foram
milhares os consultados. Fica então aqui uma resenha do que apuramos sobre o
futebol na cidade, pois foi na cidade que tudo começou.
O que foi o
entusiasmo por esse jogo acabado de chegar e que tanto cativou as massas, é
história que dificilmente será contada em todo o seu peculiar percurso.
Dele, também se
faria adequado retrato social da cidade, dada a profusão dos “clubes”, que todos
os dias surgiam. As zonas da cidade onde o operariado mais se concentrava,
vivendo junto das fábricas de então, dizem-nos do porquê do magnetismo de tal
jogo. Simples nas regras, e quase nada exigindo para ser jogado, depressa se
tornou um desporto das massas sem “massa”.
Os bem instalados
de então, gastavam o seu tempo e fazendas no tennis, por vezes no ciclismo, e
não raro no hipismo. Tudo desporto caro. Caro e elitista, porque interdito aos
maltrapilhos.
Elege-se assim o
futebol como passatempo dos simples.
A Associação de
Futebol acabava de ser fundada (Outubro de 1913), e apenas meia dúzia de clubes
a integravam. Mas a cidade regurgitava de clubes. O movimento era
indescritível. Os meios de afirmação desses clubes é que escasseavam, e por
isso a sua não filiação. Mas não era por isso que o futebol se deixava de
jogar. São às centenas os jogos anunciados.
Detectam-se então
na cidade alguns recintos de jogo, onde estes populares jogam. É o campo da
Serra do Pilar, que ficava do outro lado do rio. O campo da União do Norte, que
ficava lá para Paranhos. Em Costa Cabral, junto ao Conde de Ferreira, jogava–se
no campo da Cruz, onde “nasceu” o Académico, que depois iria para Ramalde,
ocupando um terreno que um seu apaniguado lhe ofereceu. Havia ainda o campo de
Arca d’Água, onde também nasceu o Progresso.
Outros são citados,
embora de forma muito espaçada, dizendo-nos talvez da sua pouca qualidade, ou
então do seu afastamento do centro da cidade, onde a maioria dos clubes
existia. É o caso do campo da Construtora, o campo da rua Coutinho de Azevedo,
e o campo do Castelo do Queijo.
Mas de campos
falaremos adiante.
Os Campeonatos –
uma descrição dos primeiros 25 anos.
Ao longo destes
primeiros 25 anos de competição, foram diferentes as formas estruturais de se
fazer a sua disputa, e também diversos os níveis de participação.
Em síntese, havia
um primeiro nível, designado por 1ª divisão por vezes, sendo que noutras era
designado por “Honra”.
Já a divisão do
nível imediato ora se designava por 2ª divisão, ora por 1ª.
Existia, por vezes,
um grupo de pressão, de clubes que queriam participar, mas não tinham campo.
Daí que se tenha organizado, por vezes, uma competição que se designava por
Promoção.
A complicar este
panorama inicial, que se caracterizou por grande entusiasmo, mas que não trazia
consigo aquele mínimo de organização e disponibilidade que permitisse à
associação distrital acolher estes grupos no seu seio.
Mas a pressão era
enorme, e estes clubes, à falta de resposta, constituíram-se em organização autónoma
e independente, a que chamaram Liga Invicta, o que levou à condescendência da
AF, e a acolher estes clubes no seu seio.
A partir de certa
altura, e dado o número crescente de clubes, as previsíveis grandes deslocações
e consequentes despesas, foram os campeonatos (secundários e promocionários),
organizados por concelhos, com uma fase final em eliminatórias,
preferencialmente, para definir o campeão.
Como curiosidade, e
nas primeiras competições, a época terminava com uma final entre os campeões das
2 primeiras divisões, para eleger o campeão distrital!
O primeiro nível de
competição jogou-se numa só divisão, que não ultrapassava os 6 participantes.
Apenas em 1932/33
se verificou um alargamento, com 10 equipas em 2 séries.
O apuramento para
as competições nacionais fazia-se, a partir de 1921, data da primeira
competição nacional, em provas autónomas, com apuramento por eliminatórias, a
partir dos clubes que se inscrevessem. Só posteriormente o apuramento se fazia
com base no respectivo campeonato distrital.
É em 1921/22 que
surge a 2ª divisão, a que se junta a Promoção.
A Liga Invicta tem
a sua aparição em 1927/28.
A Promoção em
1933/34 não se jogou, aparecendo uma 2ª divisão.
Em 1932/33 a
competição ao nível superior tem um alargamento para 2 séries, englobando 10
equipas, e jogando-se uma 2ª divisão, com as equipas da Promoção. Não há 1ª
divisão.
Em 1934/35 não Há
Promoção, aparecendo uma 2ª divisão por concelhos.
Em anexo, um PDF sobre estas primeiras competições (AQUI)
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