Futebol Saudade

Desde que, há mais de 100 anos, se fez o primeiro campeonato de futebol em Portugal, que a "passerelle", que é a vida desportiva, viu desfilar milhares de clubes.
Uns ainda hoje existem, pujantes e vigorosos até, outros, embora perdendo protagonismo, ainda resistem. Mas muitos ficaram pelo caminho.
Passaram ao futsal, deixaram o desporto, ou fecharam mesmo as portas. É dos que partiram (e não só), que aqui vamos tentar deixar a memória.




segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Briosa Pextráfil


O currículo

Em 1963, nos primeiros dias de Setembro, reunia mais uma vez, a direcção da
AF de Viseu. Entre as deliberações dessa reunião, consta na acta respectiva, no seu ponto 3:

“aceitar a filiação provisória do Grupo Desportivo “Briosa Pextráfil”, e aceitar a sua inscrição no Campeonato Distrital da II Divisão.”

 É assim que o noticia o Jornal de Viseu, na página 6 da sua edição de 7 de Setembro de 1963.

O clube escolhe o azul e o grenat para sua cor, e começa a jogar no seu campo de S. Jorge, numa elevação, que tinha na base o rio Dão. Fê-lo durante 20 anos.
Hoje, o que dele resta ainda lá está, parcialmente ocupado pela auto-estrada A25.

O início da caminhada em 1963/64, fez-se na 2ª Divisão, na companhia ilustre do Nandufe, Penalva, Tondela, Viseu e Benfica, e dos já desaparecidos Besteiros, Canas de Santa Maria, e Sul

Mas em 1965/66, quando o clube ascende à 1ª divisão (de onde nunca mais sairia, até ao fecho de portas, quando desiste após ainda se ter inscrito para 1983/84), tinha uma equipa tipo, que raramente sofria alterações. No Jornal de Viseu de 16 de Março, a propósito do jogo no S. Jorge com o Viseu e Benfica, que acabaria empatado a zero, alinhou o Pextrafil assim:

Necas; Sifredo, Caetano e Cabral; Caiado e Alberto; Oliveira, Luís, Abel, Martins e Júlio.

No jogo seguinte, o primeiro da segunda volta, joga-se outra vez em casa, agora com o Carvalhais, e a equipa é a mesma. Apenas Alberto foi substituído na segunda parte por Antero, dada a tarde infeliz no passe daquele, como refere o jornalista que fez a crónica do jogo.
A 28 de Março o jogo é em Molelos, que viria a ser o campeão, e a equipa voltou a ser a mesma. Apenas se altera substancialmente em Viseu, no derradeiro jogo com o Benfica local, jogo sem interesse classificativo, e que o Pextrafil perdeu por 3 a 0. Foi dada oportunidade aos menos utilizados, jogando assim a equipa:

Necas; Sifredo, Moreira (Inácio); Oliveira, Caetano e Alberto; Guedes, Luís, Abel, Martins e Júlio.

Entretanto a subida de divisão implicou o reforço da equipa, e por isso de Viseu chegaram alguns atletas.

O primeiro jogo seria em Nelas a 2 de Outubro, mas o jogo foi adiado. Fez-se então a estreia em casa, no seu campo de S. Jorge, a 9 de Outubro. O adversário era o Molelos, que foi vencido por 2-1. 
Alinhou assim:

Saraiva (ex-Académico); Sifredo e Caetano; Alberto, Hermínio (ex-Académico) e Santos (ex-Académico); Fareleira (ex-Viseu e Benfica), Roque (ex-Viseu Benfica) (Figueiredo), Martins, Luís e Júlio.

Os golos foram de Fareleira aos 3, e de Martins aos 12 minutos. Foi Adriano que marcou para o Molelos, iam de jogo 25 minutos.

No último jogo em S. Pedro do Sul, onde a Briosa empatou a 1, e assegurou o 5º lugar, cobiçado pelo Sampedrense, alinhou:

Saraiva; Sifredo, Santos, Caetano e Manuel; Hermínio I e Hermínio II; Fernando, Fareleira, Martins e Júlio.

Depois foi uma longa caminhada, sempre no patamar superior do futebol distrital, de onde o clube nunca saiu. Mas por uma vez, chega à Taça de Portugal. Foi em 1981/82, quando recebe no campo de S. Jorge o SL e Marinha, com quem perde por 2-0.

Foi assim um percurso de vinte anos de uma colectividade desportiva com o futebol por objectivo, e com origem numa comunidade laboriosa de Vila Meã, lugar de Povolide, freguesia actual integrante do concelho de Viseu, e que já foi vila e sede de concelho.
  Industrialmente salientou-se pela sua fábrica de papel, a Pextráfil, que deu emprego a centenas de pessoas,  e foi o berço deste clube, cujas cores eram o azul e o grenat, mimando o Barcelona, a que não seria alheio  o facto do proprietário da fábrica ser espanhol.




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