A peculiar
circunstância de os campos de futebol do concelho – pelo menos os mais
tradicionais – serem “atropelados” pelas estradas, levou-me a visitar a
história do futebol nestas paragens.
Tal pesquisa
deu para ver que o futebol em Cabeceiras foi como em todo o lado. Muito
entusiasmo e pouco dinheiro. Daí os clubes populares que foram surgindo, e logo
ficaram inactivos. O Jornal de Cabeceiras, desde 1919, deu-me uma panorâmica da
história dos primeiros chutos na bola por estes lados.
Foi no
logradouro das Pereiras, terreno adequado ao jogo, que logo nos anos 30 se ouve
falar do Cabeceirense. Nesta altura, promove-se a fundação de um clube que dá
pelo nome de Desportivo Cabeceirense. Estamos em 1933, e o “campo” das Pereiras
é o recinto de jogo.
Haveria este
campo de ser devidamente preparado para a competição oficial, quando o já
filiado Atlético Cabeceirense promoveu a “Campanha do Pinheiro”, visando a
vedação do recinto para jogar o futebol da associação de Braga. Estávamos em
1948.
Mas o futebol
em Cabeceiras, sempre com as Pereiras como protagonista, teve épocas marcantes,
como em 1941, quando eram duas as equipas na vila. O Cabeceirense Futebol
Clube, e o Desportivo Cabeceirense, que chegaram a disputar uma “Taça de
Cabeceiras”, em 3 jogos, com muitos empates, grandes despiques (como conta o
Jornal de Cabeceiras), e que o Desportivo acabaria por vencer.
O Atlético
surge em 1943, talvez nas cinzas dos 2 anteriores, e chegando, como já se disse
às competições oficiais em 1948/49. Mas no final da época 58/59, tem muitas
dificuldades financeiras, as deslocações são onerosas, e sem meios para reparar
a vedação do campo, derrubada pelo temporal. Sem dinheiro, sem Messias,
suspende o futebol, oficial, que só voltaria em 70/71.
Outro
companheiro destas caminhadas, seria o Desportivo do Arco de Baúlhe, fundado em
1949, e que em 51 chega à competição também. Sairia no final da época 57/58,
voltando também em 1970.
O seu original
campo de Morgade, oferta dos seus fundadores, foi sempre o suporte das suas
actividades, até a auto-estrada se instalar no seu seio. Hoje, revive um pouco
mais abaixo, após algumas épocas a jogar aqui e ali, e continuando a ter
Morgade no seu nome.
Mas noutros
lados também se jogou futebol. É o caso de Faia, que logo em 1959 tem os seus
Leões de Faia, e que prontamente passariam a ser o Vitória Sport Clube da Faia,
equipando como o Vitória de Guimarães, e jogando na freguesia. Onde ficava o
campo é que é mistério.
Após um longo
período de silêncio, eis que ressurge por aqui (1987) o futebol, na
representação da AD da Faia, que joga o futebol do Inatel. Parece não ter
campo, já que os seus jogos são em Morgade, servindo-lhe de campo de treinos o
de Outeiro, cedido pelo clube daquela freguesia. Talvez o entusiasmo os tenha
levado ao futebol oficial, que jogam em 1990/91, agora com a designação de
ACRED de S. Tiago da Faia. Mas seria também experiência única, pois logo o
clube desaparece do futebol.
Completa o
leque destes pioneiros Os Leões de Alvite, que em 1958 também fazem parte das
pugnas de futebol, mas não do oficial. Chegariam também às competições da AF de
Braga, mas só em 1984/85. Mas foi efémera também, esta presença, contudo
seguida pelos Águias.
Mas o campo das Pereiras, palco dilecto do futebol nestas bandas, passou a ter um substituto em
1982, quando se inaugurou o municipal, que tinha começado a ser construído em
1979.
Seria em 1988,
quando finalmente a estrada nacional 311, começou a ser construída até
Cabeceiras, e o sacrificou. Hoje ainda por lá se vêem restos da bancada, que
tantas tardes de futebol viu. A estrada, essa hoje subalternizada pela AE,
também lá está, após ter começado a ser falada e projectada em 1920!
Mas o retrato
que aqui pretendemos deixar sobre o futebol no concelho, não ficaria completo
sem fazer uma referência sobre todos aqueles que por ele passaram.
Ao longo dos
tempos, foram nove as colectividades que frequentaram o futebol distrital.
Actualmente apenas 4 estão activas.
Completamos esta abordagem do futebol nestas
terras de Basto, com alguns ficheiros que pretendem complementar tudo que se
disse.
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