Berbéria, Freião, e os
Bargos.
Hoje, serão cerca de meia
centena os campos de futebol, nas actuais 33 freguesias e uniões do concelho.
Algumas até, terão mais de um recinto. Mas nem sempre foi assim.
Famalicão não terá sido
diferente do resto do país, e por isso qualquer terreiro ou espaço mais amplo,
terá servido aos entusiastas do futebol, no princípio do século passado.
Mas “tudo” terá começado com
o rapazes do Colégio de Ermesinde, que desafiaram os rapazes de Famalicão. Seria já o Grupo
Desportivo Famalicense, que se tornaria clube oficial em 1922, conforme determinou
a Assembleia – Geral, realizada para eleger a direcção.
Mas este jogo com os de
Ermesinde, não se terá realizado, como se depreende do que diz o jornal “A Paz”
em 14 Maio 1921, que a propósito do campo diz “saber que os alunos do Colégio
de Ermesinde, persistem na ideia de desafiar os foot-bolistas (sic) daqui,
desejo apenas contrariado pelos que teimam em não querer ceder o stand do Clube
dos Caçadores, para esses jogos.
Mas que mal traria isso
ao clube?
Nenhum, antes pelo
contrário.
Raio de capricho.”
O stand deste clube
ficava em Louredo, e dispunha de um court de ténis.
Mas terá sido isto a
apressar a disponibilidade de uma campo de jogos, o que ira acontecer no campo
da Berbéria, que é falado já nos finais de 1921.
O jornal que atrás
citamos, diz a 1 de Outubro, que no campo da Berbéria se jogou um jogo
“quentinho” entre o União Barcelense e o Famalicense.
Mas o clube, que
entretanto se oficializou, como o determinou a assembleia-geral (Vida e Sport
15 Abril 1922), encetou diligências para a construção de um novo campo. Viria a
ser o campo de Freião, que inicialmente não teria as melhores condições, como
se depreende do anuncio do clube no jornal A Paz de 1 de Julho de 1922, quando
convoca os seus atletas para um jogo treino no Freião, e lhes sugere que se
apresentem devidamente equipados. Não haveria balneários, por certo.
Mas as beneficiações
estão em curso, pois o clube publica um anúncio, a colocar em concurso a
exploração do “buffet” (A Paz de 8 Julho 1922).
Mas que Barberia e Freião
eram campos distintos, não restam dúvidas, ao ler-se o jornal Vida e Sport, que
numa mesma edição (15 Julho 1922), fala sobre o novo campo, e reflecte sobre as
críticas de alguns que diziam que “saindo do Berbéria não encontrariam mais
nenhum terreno”.
Fica assim assente que os
campos eram diferenciados, e o do Freião ficava na estrada de Santo Tirso de onde se avistava um frondoso bosque de freixos, como citava a notícia dos anos
20.
Já o da Berbéria ficou
difícil de localizar, embora pense que não seria longe da EN206, próximo do cruzamento com a estrada do Porto, a fundamental EN14.
Mas sendo importante o
papel dos recintos, não supera o dos entusiastas, que criam os clubes.
O Grupo Desportivo
Famalicense, cujas origens oficiais remontam a 1922, terá feito o primeiro
jogo, ainda talvez um grupo desestruturado e volúvel, em 25 de Setembro de
1921, jogando com o União Barcelense que venceu os famalicenses por 4 a 2 (Vida e Sport).
Quase desde o início,
teve este clube a companhia, na vila, de outro clube, popular, o Operário
Foot-Ball Club, que usualmente, e a fazer fé nos jornais de então, jogava no
outro campo disponível: o da Berbéria.
Chegados então os anos
30, o futebol toma por aqui outras nuances. Surge um Operário Foot-Ball Club, e
o Sporting de Famalicão. Estes, chegam a divulgar em publicação, nos seus 3º e
4º aniversários, as suas origens, onde é possível saber-se de ciência certa, os
seus começos, que tem origem num grupo de rapazes, que criam um clube nas
proximidades do tribunal de então, e de cujas características tiram partido
para assentar as suas “infra-estruturas”. Assim, o caramanchão do jardim servia
de biblioteca, e a pala da entrada era a sede. Nascia assim, em 1930, o Onze
Aguerrido de Famalicão, que apoiado depois pelos mais velhos, originou o
Sporting.
Entretanto fora da sede
do concelho também passava a haver movimentações futebolísticas, surgindo
Delães com um excelente campo desportivo. É aqui que se funda o Sport Clube do
Ave.
Em Setembro de 1931
surge, oficialmente, o Foot-Ball Club de Famalicão (Estrela do Minho 18 Outubro
1931), que tem por base a dissidência de alguns elementos do Famalicense (Estrela
do Minho 20 Setembro 1931, pg 2). Criado o novo Famalicão, logo estes se
abalançam a criar um “novo” campo. É o retorno à Berbéria, como noticia o
Estrela do Minho em 15 Novembro 1931.
O campeonato de 1931/32
(Promoção), já tem a presença do Famalicão, que passa a jogar no campo da
Berbéria. Modesto recinto, que em Agosto de 1932 começará a ser vedado, com
recurso a chapas metálicas, que irão ostentar publicidade, como forma de prover
ao seu custo (Estrela do Minho 28 Agosto 1932, pg 2).
Entretanto, como o campo
de Freião estivesse sem utilização, dada a inactividade do Famalicense, os
clubes de Famalicão, que à data participam na Promoção, Sporting e Operário,
chegam a acordo com o Famalicense para lhe alugar o campo. (Estrela do Minho 10
Janeiro 1932, pg 2).
Nesta caminhada, surge um
facto que é demonstrativo da existência de 2 campos. O Famalicão em 1946/47
fica apurado para jogar a fase dos nacionais, e tem de o fazer no Freião, pois
a Berbéria está interditada.
Será no Freião, contudo,
que acabará o seu percurso, antes de se instalar definitivamente no novo
municipal. O dos Bargos.
Impedido de usar o campo
de Freião, e não estando o municipal pronto para ser utilizado, joga o
Famalicão a época 1951/52 no novo campo da Reguladora, em Louredo, que inaugura
com um jogo oficial, Famalicão – Sporting de Fafe.
Foi a empresa e a
direcção do grupo desportivo que cederam o seu uso ao clube da vila. (Estrela
do Minho 9 Setembro 1951, pg 2).
Em 1952 (ver
Estrela do Minho 21 Setembro 1952, pg 2/3), tudo isto passa à história, com um
novo palco que chega até hoje. A Autarquia inaugura o estádio municipal de
Famalicão, que começou a ser construído 2 anos antes.(Estrela do Minho 27
Agosto 1950, pg 1 /4) Passa a ser chamado de campo dos Bargos, e chega até
hoje, conhecido agora por estádio 22 de Julho.
Sem comentários:
Enviar um comentário