Comecemos por
situar Morais, freguesia do concelho de Macedo de Cavaleiros, cujas origens
remontam ao princípio da nacionalidade, e que ostenta a tese de alguns
académicos dedicados à formação do mundo, designando Morais como o umbigo do
mundo (ver aqui).
Mas o que aqui
nos trouxe, foi aprofundar o seu associativismo, dinâmico e diverso, como o
comprova o actual grupo de teatro.
Sendo uma
comunidade a rondar os 700 habitantes, tantos quantos os de há 150 anos, é
latente o seu dinamismo e inconformismo, como atestam as 3 colectividades que
já animaram o futebol do distrito, e as tardes da freguesia, e agora o seu
grupo de teatro, nascido de uma reflexão dos seus!
São elas até, a
demonstração cabal que o unanimismo nunca foi factor de evolução, pois a fusão
aqui verificada tirou a rivalidade, o entusiasmo, e matou a competição. Hoje
vive a saudade, com os veteranos a mimar os craques.
Mas nestes
lugares isolados, longe uns dos outros, com uma população activa longe do
berço, não é fácil manter uma equipa de futebol. Quer porque faltem os atletas,
quer porque escasseiem os meios para assegurar a presença nas competições.
Mas em Morais o
bichinho do futebol moía, e logo alguns se abalançaram a criar um clube. Foi o
Águias Futebol Clube, que surge no primeiro campeonato de Bragança com 2 séries.
Chamava-se Águias, mas equipava de verde e amarelo, as cores do concelho.
Mas as
rivalidades internas, com os apaniguados divididos por águias e leões, depressa
levam à criação de um novo clube na terra! A Associação de Morais.
700 habitantes
e 2 clubes, era dose. Mas este novel clube, nascido para fazer birra aos da
águia, tinha o “patrocínio” da autarquia, que lhes deu um substancial subsídio,
muito mais chorudo que aos dos Águias. Foi o pretexto para estes cerrarem os
dentes, e mostrassem quanto valiam. Decretaram a morte desta Associação, que
logo deixou o futebol sénior, enveredando pela Formação. Mas foi sol de pouca
dura. Fechou as portas 2 ou 3 anos após.
Contudo, os
homens do futebol não podem estar muito tempo sem o jogarem, e eis que um dos
seus, desde sempre ligado a este desporto, logo trata de criar um clube. Novo,
para não levar consigo aquelas rivalidades anteriores. Nascia, pela mão de
Mário Teles, o irreverente Morais Futebol Clube, que ora jogava, ou não.
Numa das suas presenças,
sagrou-se campeão distrital pela primeira vez, porque não levava desaforos para
casa!
Em 2006/07
chegou à última jornada a jogar na casa do adversário, que era o candidato a
campeão, tendo até uma supremacia técnica reconhecida pelos de Morais, que eram
os segundos.
Mas a soberba
matou-os. Fizeram cachecóis a celebrar o campeonato, e apresentaram-no antes do
jogo.
Aquele
dirigente, velho homem do futebol, conhecedor de quão volúveis são os
balneários, mandou mostrar o dito cachecol aos seus atletas. Foi doping, em
dose redobrada. Começado o jogo, depressa marcaram 3.
Os da Mãe
D’Água ainda empataram, mas os cachecóis acabaram reciclados.
Hoje, o campo
de Santo André, um magnifico recinto, está sem préstimo, já que as rivalidades
foram anestesiadas com uma fusão, que nunca e em lado algum resultou.
Um dia destes
vamos ver outra vez camisolas viçosas a enfeitar o campo!
Sem comentários:
Enviar um comentário