Campanhã é, nos inícios dos anos
20 do século XX, uma populosa freguesia da cidade, onde imensos bairros
albergam a grande massa humana que labuta nas suas fábricas, armazéns e outras
instalações industriais.
Por isso a febre do futebol que,
por estes anos atravessa o país, também aqui se faz sentir.
Um grupo de rapazes entusiastas
mas modestos, criam o primeiro clube organizado (?), destas bandas. Dão-lhe o
sugestivo e bonito nome de Miraflor Futebol Clube. Era o nome da rua onde a maioria
vivia. Mas o clube não crescia, dadas as insuficiências financeiras, e levaram
outros à criação de um novo clube, que pudesse chegar ao futebol a sério.
Nascia o Clube Desportivo de Portugal. Mas cedo chegou uma cisão e por isso, os líderes das respectivas facções, promovem a
inscrição de cada uma delas, com o peculiar nome de Clube Desportivo de
Portugal nº 1 e Clube Desportivo de Portugal nº2!
A Associação faz um inquérito e,
conclui da justeza do direito ao nome, de cada um dos grupos, decidindo contudo
que o nome só pode pertencer a um.
Surge assim o Clube Desportivo do
Porto e o Grémio Desportivo Portuense. Mais tarde, este seria o Clube
Desportivo de Portugal dos nossos dias.
Mas a rivalidade acentua-se entre
estes 2 únicos clubes, existentes nesta populosa freguesia, que dispõe dos seus
recintos desportivos em Benjóia e Bela Vista (1). Os clubes passam a ser
conhecidos pelos favaios ou azeiteiros, numa clara alusão ao negócio dos seus
presidentes: o sr. Couto do Desportivo do Porto, vendia este excelente
aperitivo, e o senhor Nogueira do Desportivo de Portugal, era negociante de
azeites.
Entretanto, surgiria em 1935 um
novo clube na freguesia, o Faísca, clube dos empregados da UEP (União Eléctrica
Portuguesa e Electro Del-Lima), e com sede na rua do Freixo. (2)
Mas o Faísca cresce, com o apoio
da empresa a que está ligado, e o seu presidente compra o alugado campo do
Desportivo do Porto, o campo da Bela Vista. O Clube Desportivo do Porto tem de
mudar de casa. Aluga um terreno que adapta, na rua Nau Trindade, e em 1937
atribui-lhe o nome de um seu atleta falecido: Joaquim Soares Martins. Este
recinto (3), será posteriormente usado pelo Bonfim Futebol Clube, clube
entretanto fundado, e que em 1946/47 chega aos distritais.
Mas o agora campo do Faísca passa
a ter um uso diversificado, pois logo em 1936 o Sport Clube do Porto joga ali o
seu hóquei em campo.
Hoje, o recinto do jogo ainda lá
esta “intacto”, à espera duma daquelas urbanizações sem verde, em que a cidade
é fértil.
Mas a
caminhada do futebol por aqui, desde cedo que, junto à estação de Campanhã, vê
surgir um campo de futebol, que ainda hoje lá está. Em agonia, mas ainda
servindo ao velhinho Desportivo de Portugal.
Conhecido
agora por Ruy Navega, começou por ser o campo de Benjóia, já que o nome remoto
do lugar era Benjói. (curiosamente, por estes dias, diz-se Bonjóia).
A certa altura
da sua vida, passou a servir ao grupo desportivo de uma fábrica de esmaltagem
das imediações, a Mário Navega, e por isso passou a ostentar o nome do seu presidente,
e filho do dono da fábrica. Já agora, neto também do fundador dela. O senhor
Minchin.
Por vezes
aparece a citação do campo Mário Navega, mas isso foi nome que nunca teve.
Trata-se apenas de a relacionar com a fábrica, sua proprietária.
Extinto o clube,
acabada a fábrica, o Desportivo voltou às origens.
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(1) - O Clube
Desportivo do Porto aluga um terreno (1925) na desaparecida travessa da Fonte
Velha, e é ali que instala o seu campo da Belavista. Mas também ali não teria
vida fácil, já que o presidente do Faísca, compraria o campo para o seu clube de
electricistas.
(2) - vinha fazer companhia ao
clube dos Ferroviários, mais ligados a outros desportos, e com o futebol nos
corporativos, que jogava (após 1940), no seu campo de Vila Meã, hoje ocupado
pela auto-estrada.
1 comentário:
Boa tarde. Então o que acontece a esse clube de futebol O Faísca?
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