No futebol, e dedicando-se
a competições oficiais foram, de raiz, 3 as colectividades inscritas.
Todas fizeram
o seu baptismo no futebol oficial em 1933/34, quando a AF de Lisboa criou uma
zona “Vila Franca”, no seu futebol de Promoção.
Durante 5
épocas foi assim que se jogou, mas os clubes queriam mais, e pediram à AF que
criasse um Campeonato do Ribatejo.
É assim que o
Operário Vilafranquense (1913), Águia Vilafranquense (1924), – filial do
Belenenses – e Sport Lisboa (1930), a que se junta o Povoense e Alhandra,
estreiam esta fórmula inter-distritos, que se manteria até 1946/47.
Mas quem
organizou este campeonato foi a associação de Santarém, a quem esta aderência
servia às mil maravilhas, já que os clubes usualmente na zona Norte (Tomar e
concelhos vizinhos) boicotaram a competição, dada a decisão da associação
distrital pretender fazer sempre as finais em Santarém.
Foram quase 10
épocas a jogar fora do distrito, mas em 1947/48 os clubes regressam,
definitivamente a Lisboa.
As razões de
tal nunca ficaram claras. O jornal de Vila Franca diz que foi pressão dos
Cimentos Tejo, estes falam na imposição de directrizes superiores (VR 20 SET,
pg 3 e 4 OUT, pg 8, e 11 OUT 1947, pg 4), e outros ainda dizem que a federação
aceitava qualquer decisão, desde que ela fosse unânime aos clubes. O facto é
que todos foram para Lisboa, incluindo os 2 então existentes em Vila Franca.
Estes clubes passam
então à AF do seu distrito, e jogam-no até à época de 1956/57.
É neste ano de
57 que decidem juntar-se com mais outras colectividades locais, - Ginásio
Vilafranquense e Hóquei Clube - fazendo assim nascer a União Vilafranquense.
Mas o futebol em Vila Franca é muito
mais rico de incidências. Desde logo porque contou com muitos mais clubes, que
a partir de 1928 animaram a Liga de Foot-Ball de Vila Franca, e emprestaram a
esta muita vivacidade.
Um ano antes,
reorganiza-se o Grupo Desportivo dos Empregados no Comércio, que se propunha
dinamizar o futebol na vila, que havia caído num sono de muitos anos.
O único
“campo” então existente era o campo da Feira. Chamava-lhe “Campo da Aclamação
da República” o jornal local, “Vida Ribatejana”.
Foi aqui, em
Janeiro de 1928, que se jogou um torneio organizado pelo Comércio, e que contou
com (1):
União de Comércio
& Indústria Vilafranquense
Operário
Vilafranquense
Águia
Vilafranquense
Invencível
Leais
Este movimento
leva ao ressurgimento de outros clubes, parados entretanto. É o caso do
Operário (ver VR 18 NOV 1928, pg 3).
Em Dezembro
deste ano organiza a Liga o seu primeiro campeonato, com:
Grupo de
Foot-Ball Operário Vilafranquense
União Estrela
Marítima Vilafranquense
Águia Sport
Clube Vilafranquense
Unido
Vilafranquense.
Campeonato
da Liga de Vila Franca
|
|||||||
J
|
V
|
E
|
D
|
M
|
S
|
P
|
|
Marítimo
|
6
|
5
|
1
|
0
|
13
|
3
|
17
|
Águia
|
6
|
4
|
1
|
1
|
13
|
8
|
15
|
Operário
|
6
|
1
|
0
|
5
|
5
|
12
|
8
|
Unido
|
6
|
1
|
0
|
5
|
10
|
18
|
8
|
Entretanto
começa o Operário a movimentar-se para ter um campo de jogo.
(ver VR 13 JAN
1929, pg 3, 9 MAR pg3 e 23 MAR 1930, pg 3).
O Operário de
Vila Franca convida o Benfica para um jogo amigável, e na sequência disso pede
a filiação neste clube. O Benfica impõe certas condições que o Operário não
aceita, e acaba por ser o Unido a aceitá-las e filiar-se naquele clube de
Lisboa.
Nasce assim o
Sport Lisboa e Vila Franca, a partir do Unido Vilafranquense, aparecido em
1928.
(ver VR 17 NOV
1929, pg 4)
Neste panorama
dinâmico do futebol na vila, surge o Sporting Vilafranquense. Faz muitos jogos
amigáveis, e após um deles, o jornalista do Vida Ribatejana diz que de
“vilafranquense” tem muito pouco, tantos são os jogadores do Sporting de
Lisboa!
Entretanto o
Operário consegue arrendar um terreno para o seu campo de futebol. É um terreno
de uma proprietária local, Júlia Paiva.
O campo é
inaugurado em Abril de 1930 (ver VR 27 ABR 1930, pg2), e fica conhecido pelo
campo de S. Sebastião.
À época, já o
Cevadeiro, amplo terreno camarário, tinha uma intensa utilização, albergando
exposições, provas hípicas e outras actividades.
Mas este campo
do Operário, cedo ficou ameaçado. A câmara municipal sonhava com o
prolongamento da rua Palha Blanco até Povos, para além da cerca onde estava o
campo, fazendo-a convergir na estrada nacional, por fora da Quinta do Borrecho.
Alvitra-se então o uso do Cevadeiro (VR 29 JAN
1933, pg1).
A localização
do campo fica mais clara, quando mais tarde se organiza uma prova atlética com
partida do campo de S. Sebastião, e o jornal (Via Ribatejana), dá conta do
percurso, onde se saía do campo pelo portão do Largo do Mártir Santo, rua do
Matadouro (2), rua Sacadura Cabral, rua Miguel Bombarda, Fonte Nova e Fonte
Grande.
Hoje, nas
imediações da igreja de S. Sebastião, ainda se encontra a travessa do Mártir
Santo, pelo que o campo seria vizinho desta igreja.
Mas a vida
desportiva segue, sofrendo um revés, quando o Governo Civil em Fevereiro de
1933 manda fechar as sedes de todos os clubes do concelho. Só escapa o
Operário.
Entretanto em
Agosto, a Associação de Futebol de Lisboa convida os clubes locais para
participarem na promoção. Nesta altura só o Alhandra e o Operário estão devidamente
legalizados. Mas de seguida. O Águia, que se filia no Belenenses, também se
junta a estes candidatos, grupo que fica completo com o Sport Lisboa de Vila
Franca, iniciando-se assim o campeonato em 26 de Novembro.
O Operário
sagrava-se campeão, circunstância que repetiu por mais vezes.
Na Póvoa de
Santa Iria estava (Outubro de 1935) em formação o Sporting Clube Povoense, que
jogaria nesta Promoção.
Mas o
entusiasmo pelo futebol era grande na vila, e
5 clubes do concelho (Águia, Operário, Sport Lisboa, Alhandra e
Povoense) pediram em Julho de 1938, à AF de Lisboa, que esta organizasse o
Campeonato do Ribatejo, conjuntamente com os clubes de Santarém (VR 15 JUL
1938, pg 4).
A 7 de Outubro
em AG, consuma-se a filiação destes clubes na AF de Santarém, disputando aquilo
que o jornal chamou de 2ª divisão (VR 16 OUT 1938, pg 3).
Quase sem se
dar por isso, o Águia inaugura o seu campo de jogos, no Bairro do Cerrado (VR 6
NOV 1938, pg 3).
Em 1940
começam finalmente, as obras de prolongamento da rua Palha Blanco, pelo que no
fim do ano o Operário deixa o campo, indo ocupar um espaço que foi adaptado a
campo, no Cevadeiro. Eram os alicerces do estádio actual. (ver VR 1 DEZ 1940,
pg 4)
Durante
algumas épocas o futebol na vila fica entregue ao Operário e ao Águia, cada um
em seu campo.
Mas em 1955
(VR 9 ABR 1955, pg ½), ressuscitando uma ideia nascida já em 1943, começa a
falar-se de fusão! (VR 11 FEV 1956,
pg5).
É então quando
a 12 de Abril de 1957, as 4 colectividades da vila (3), dão origem ao “Sport União
Vilafranquense”.
Mas como
sempre, o Estado tinha de meter o nariz, e então a DGD “sugere” a alteração do
nome para União Desportiva Vilafranquense.
(ver VR 20 ABR
1957, pg 1/12)
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(1)
– à altura, o associativismo era pujante. Para além dos
clubes de futebol, que por vezes se envolviam noutras actividades, existiam
ainda, dedicando-se em exclusivo a actividades recreativas e culturais:
Grémio
Artístico
Club
Vilafranquense
Grupo
Dramático Afonso de Araújo
(2)
– em 1957 inaugura-se um novo matadouro, pelo que esta
rua é a rua do primitivo.
2 comentários:
Olá, gostaria decsaber, se souber claro, à data, antes do Sporting Clube Povoense, quando fala do ^ Povoense ^ a clube se refere, será o Operário Club Football Povoense? E já agora se sabe o ano em que foi fundado.
Saudações desportivas
Henrique Medley
960 068 644
Desculpe o atraso na resposta, mas não acedo com frequência aos comentários, e daí o meu atraso.
Nos meus apontamentos, este Povoense é o Sporting Povoense, criado em 1936 e participante então no campeonato da Promoção (série Alhandra/Vila Franca/Póvoa).
Até 39/40 é referenciado, mas sempre neste nível. Não me consta que tenha ascendido de divisão até ao seu desaparecimento. Mas aconselho a consulta dos jornais de então, que davam grande atenção ao futebol: Os Sports, Vida Ribatejana, O Século.
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