Futebol Saudade

Desde que, há mais de 100 anos, se fez o primeiro campeonato de futebol em Portugal, que a "passerelle", que é a vida desportiva, viu desfilar milhares de clubes.
Uns ainda hoje existem, pujantes e vigorosos até, outros, embora perdendo protagonismo, ainda resistem. Mas muitos ficaram pelo caminho.
Passaram ao futsal, deixaram o desporto, ou fecharam mesmo as portas. É dos que partiram (e não só), que aqui vamos tentar deixar a memória.




sexta-feira, 27 de junho de 2008

A introdução do futebol em Viseu

Em artigo assinado por João de Figueiredo Cabral, que foi presidente do Sport Ribeira e Viriato, traça-se uma interessante panorâmica dos primórdios do futebol na cidade. O artigo:

Foot Ball – sua introdução na Beira
I Capítulo – dos tempos idos

“Por fins do ano de 1911, cheguei a Viseu. Vinha de frequentar a Escola Académica de Lisboa. Estava esta escola no período áureo da sua vida desportiva. Os seus atletas em Sports Atléticos eram os melhores de Lisboa, só tendo competidores no Colégio Militar….

…Em foot ball conseguiu ganhar o Campeonato Escolar de Lisboa…

… Tinha apanhado o “vício”, e ao chegar a Viseu vim encontrar um meio completamente estranho, sem a mais pequena ideia do que fosse esse jogo. Sabia-se que se jogava com uma bola, e pouco mais.
Os rapazes do liceu entretinham-se com a bilharda, o peão e o béto (que eu julgo uma variante do cricket). Confesso que a princípio esmoreci…

…Mas voltemos à história. Começámos os nossos treinos na parte superior do campo de Viriato. Onde hoje se joga, estava a praça de touros. Clube não havia. Equipas ainda menos. Eu lá vestia o equipamento que tinha trazido da Escola Académica. Era interessante ver o escândalo que provocava a minha “toilette” aos pais de família que por acaso ali passavam. Imaginem os leitores. De perna à mostra, e em ceroulas, como chamavam aos calções, em frente das pudicas donzelas que levavam a seu lado…

Combina-se a formação de um clube e baptiza-se, depois de muita discussão, em Sport Clube de Viseu. As equipas eram duas. Uma, camisa cor de rosa, outra de camisa azul, para podermos organizar dois “teams”, pois doutro modo não havia com quem jogar. As camisas eram de chita, e custaram depois de prontas 380 réis. As meias eram de mulher, das mais ordinárias, e o seu preço não ia além dos 3 vinténs.
A sede era junto ao chafariz da Ribeira, onde ultimamente esteve o Clube Académico de Foot Ball.
Por hoje já basta. Roma e Pavia não se fizeram n’um dia.

(in O Desporto, jornal desportivo, publicado em Viseu em 1928. 27 nºs de ABR a NOV)
Cota da BPMP : P-D-230

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Futebol em Leiria

Em 23 de Dezembro de 1928, ainda não havia futebol organizado no distrito.
A Associação de Futebol de Leiria havia de surgir um pouco mais tarde, sucedendo a uma tentativa de organização abrangente do desporto local, com a criação da Federação Desportiva do Distrito de Leiria, cuja existência se ficou a dever à persistência e empenho de alguns ilustres cidadãos, como Raul Ferreira Baptista, José Alves Pereira de Sousa, Eduardo Brito e Rodrigo Faustino de Sousa.
Neste dia, em Leiria, jogava-se, no campo do Parque, um jogo de futebol entre as duas equipas da cidade. O Ginásio Sportivo Liz defrontava o Leiria Gimnásio Club. O objectivo era a angariação de fundos a favor do Hospital da Misericórdia, e tinha sido instituída uma taça para o vencedor. Foi oferta de um particular, João Quintãs de Lima Braga, e foi-lhe dado o nome de D. Manuel Aguiar. Haveria de ganhá-la o Ginásio Liz, mas após vários jogos e com prolongamentos e amuos do Leiria Gimnásio, que até o campo abandonou! Muitos protestos e recursos depois, finalmente a Taça foi entregue ao Ginásio Liz.

(no jornal Semana Desportiva, publicado em Leiria, em 1929)

domingo, 22 de junho de 2008

Sport Lisboa e Beja


Nos meados dos anos 30 aparece no futebol da 2ª Liga. Como o nome deixa antever, as suas cores eram o vermelho e o branco.

Sporting Clube de Fafe

Clube surgido em 1931, na então vila de Fafe. Como já havia outro clube, os domingos seriam desportivamente mais preenchidos. Mas em 1958 cansaram-se de tanta rivalidade, juntaram os pertences, e surgiu a AD de Fafe. Enquanto existiu, participou com frequência em provas nacionais, fazendo os seus jogos no campo de S. Jorge. Equipava de verde e branco. Como o Sporting de Lisboa.

Sport Clube Coruchense

Clube dos primórdios do futebol em Santarém, sendo detectada a sua actividade nos inícios dos anos 20. Do relato dos seus jogos, que chegam aos nacionais (2ª Liga) em 1934/35, consta que os mesmos tinham lugar no campo da Horta da Nora, e as suas cores eram o preto e o branco.

Sport Comércio e Salgueiros

Outro clube dos históricos a ficar pelo caminho. Ainda participa na formação, e tem outras actividades desportivas, como o pólo aquático, onde é até um clube ímpar, com 12 consecutivos campeonatos ganhos, mas está mal. A história do seu nascimento é até romântica, com o "candeeiro 1047" a fazer de personagem principal. Surge como Sport Grupo Salgueiros em 1911, mais tarde Sport Porto e Salgueiros, que depois se junta ao Sporting Clube do Comércio, isto pelos idos de 1920. Nascia assim o "Salgueiral". Campo no Covelo, feito com esmero, e depois expropriado, Vidal Pinheiro, que hoje é estação de "metro", e a Arca d´Água, ali à espera que o clube volte à UEFA. Vermelho e branco são as cores, que "o meu Salgueiros é irmão do meu Benfica".

terça-feira, 17 de junho de 2008

Operário Futebol Clube de Lisboa

Velhinho clube de Lisboa (1921), localizado na freguesia de Santa Engrácia, ainda hoje está activo no futebol. De formação. Participa por 15 vezes nas provas nacionais (2ª e 3ª divisões), desde 1936 até 1974. Como cores identificativas escolheu o verde e o preto, e os seus jogos realizavam-se inicialmente no campo de S. Vicente, que deixou nos anos 40. Hoje dispõe de um recinto de jogo, designado por campo do Operário (no Monte Pedral), e que sempre foi ponto de encontro de muitos, pois sempre valeu aos que o não tinham, e ali encontravam lugar. Entretanto a natureza do seu nome logo causou preocupação aos mandantes, e cedo o seu nome foi mudado. Hoje retomou as origens.
Mas em http://www.operariofcl.com/ pode saber-se mais.

São Domingos Futebol Clube

É no futebol de Setúbal que esta colectividade aparece (1921). Mas a sua prestação permite-lhe chegar às competições nacionais nos anos 30. Criada em S. Sebastião, freguesia citadina, realizava os seus jogos no então campo dos Arcos, uma espécie de campo municipal.

Ginásio Sportivo do Liz

Foi fugaz a sua história, a fazer fé na quase inexistente informação desta colectividade da cidade de Leiria. Mas foi uma das que contribuiram para a criação duma associação distrital de futebol.

Grupo Desportivo da Matrena

Era em Santa Cita que esta colectividade desportiva recebia os seus convidados. Equipa que nasce no seio duma fábrica de papel, a Matrena de Tomar, tem uma vida larga (de 1937 a 1997), recheada de algum sucesso, com passagens frequentes pelo futebol nacional. Para além do seu símbolo identificativo aqui retratado, também se identificava pelas suas cores vermelho e azul.

Grupo Desportivo Portalegrense

Nasceu este clube de Portalegre (S. Salvador) em 1925, e teve uma presença vincada no futebol português, mas infelizmente em 2004 fechou as portas. De alguma forma a sua memória foi continuada com o aparecimento de outra colectividade com nome idêntico (Clube Desportivo Portalegrense 1925). As suas cores representativas foram o azul e o branco.

Lusitânia Sporting Clube de Reguengos

Colectividade de Reguengos de Monsaraz, quase desapercebida na história, mesmo assim ainda foi possível saber que venceu dois distritais de Évora seguidos (36/37 e 37/38), e equipava com camisolas de verde e branco em listas horizontais, e calção branco.

domingo, 15 de junho de 2008

Viseu Futebol Clube

Esta foi uma efémera colectividade satélite do Académico de Viseu, que surge, a par de outras de idêntica génese, em 1990, a disputar a 3ª divisão nacional. Em 1992 acaba o projecto. Realizava os seus jogos no campo do Fontelo, e tinha no preto e no branco as suas cores.

Clube Desportivo José Alves

Foi em Rio de Moinhos, que é freguesia de Penafiel, que em 1965 surgiu esta colectividade, que teve por berço uma empresa de construção civil. Em 1989 fechou as portas, não sem antes ter passado pelo futebol nacional em 1982 e 83, na 3ª divisão nacional (e também na Taça de Portugal). Verde e amarelo eram as suas cores, e o seu recinto de jogos dava pelo nome de campo de Penedo da Pena (em Cabeça Santa).

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Clube Desportivo Nacional

Colectividade de Silves, surgida em 1935. O clube tem vida efémera, pois resulta duma cisão entre dirigentes do Silves, levando um deles, industrial abastado, a criar este Nacional, que estiola e desaparece quando esse criador sai da então vila de Silves. Participa na 2ª Liga em 36/37 como segundo classificado do distrito de Beja (!). Realizava os seus jogos no campo da Cruz da Palmeira.

Comercial Futebol Clube

Outra equipa pioneira do futebol bracarense, fundada em 1925. Tem uma participação no futebol nacional em 1929, sendo detectada actividade distrital até finais de 30.

Estrela Sport Clube

Colectividade pioneira do futebol em Braga, surgida em 1919. Nos finais da década de 20 ainda estava activa no futebol distrital. Equipava de vermelho e branco, às riscas verticais. Usualmente o calção era azul, muito comum na época.

Clube de Futebol Marvilense

Marvila, freguesia de Lisboa, encerrava no início do século passado todas as condições para ser viveiro de muitas e variadas equipas de futebol. Por isso que em 1918 tenha surgido mais esta colectividade, onde o verde e o branco imperavam. Participa em provas nacionais por duas vezes (Campeonato de Portugal), e em 1946, com mais duas colectividades de Marvila (Fósforos e Chelas), dá origem ao COL (Clube Oriental de Lisboa).

mais pormenores no site http://www.oriental.pt/#

Clube Desportivo da Palhavã

Aparece no futebol de Lisboa nos anos de 1927/28. É resultado duma reorganização do Império Lisboa Clube, fundado em 1917, por fusão do Lisboa Futebol Clube e do Sport Clube Império, clube de 1907 e fundador da Associação distrital. Rapidamente desaparece das competições, pelo que a sua existência terá sido curta.

sábado, 7 de junho de 2008

Atlético Clube de Coimbra

É colectividade criada em 1932, na cidade de Coimbra. Tem participação fugaz no campeonato da Liga (2ª - 1935/36), mas nem por isso deixa de ser um dos seus. Hoje é colectividade extinta.

Chelas Futebol Clube

Foi em 1911 que esta colectividade de Lisboa, Marvila, surgiu no futebol português. Participou várias vezes no futebol nacional, mas em 1946 alia-se aos Fósforos e ao Marvilense, criando o COL (Clube Oriental de Lisboa).
Servia-lhe de campo de jogos o campo Arlindo Carvalho, conforme se pode ler em vários jornais da época, tendo por cores identificativas o branco e o verde.

Clube Académico de Futebol

Histórico clube de Viseu, que ambições desregradas conduziram à extinção, o que ocorre em 2006, após 89 anos de vida. Quase sempre o seu recinto de jogo foi o Fontelo, hoje estádio, muito embora nos primeiros anos o campo fosse o da Ribeira. Preto e branco foram as cores identificativas.

Associação Académica de Santarém

Surge em 1931, ainda a tempo de animar o futebol em Santarém. Aliás o seu surgimento deriva de desentendimentos no clube então mais representativo, Os Leões. Hoje apenas joga futebol de formação, fazendo do preto e azul as suas cores identificativas. Os jornais da época da criação colocam-no a jogar no campo de S. Lázaro.

site actual (2010)

Alentejo Futebol Clube


Colectividade da cidade de Portalegre (freguesia da Sé), teve fugaz passagem pelo futebol nacional. Apenas se vislumbra uma presença em 1924/25. Contudo ainda hoje existe, muito embora tenha deixado o desporto. Como cores identitárias escolheu o verde e branco (núcleo do Sporting de Lisboa).